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    Caetano canta no largo da Batata em prol de sem-tetos

    DE SÃO PAULO

    10/12/2017 02h00

    Neste domingo (10), às 18h, Caetano Veloso se apresenta no largo da Batata, em São Paulo, em ocasião dos 20 anos do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

    À Folha, por e-mail, ele afirma que a apresentação é uma maneira de "compensar a frustração pela interdição" de um show que faria em uma ocupação do MTST em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, em outubro.

    A ação civil pública que ensejou a proibição alegava questões de segurança mas argumentava também que a ocupação já tinha liminar de reintegração de posse confirmada em segunda instância.

    Ele atribui a conversas com Guilherme Boulos, coordenador do movimento, sua maior aproximação à causa dos sem-tetos. "Eu não tinha conhecimento de como funcionava o MTST." O cantor diz ter aprendido que trata-se de um "movimento social muito esclarecido": "Boulos ensina que há mais casas vazias no Brasil do que famílias sem casa."

    Para Caetano, artistas não têm obrigação de se manifestar politicamente, mas podem e têm feito esforço para superar "muitos abismos".

    Ele diz ser estimulado pelo ativismo da empresária Paula Lavigne, sua mulher, e tender a aderir às causas dela com facilidade. "Sempre me movi como alguém vivo em meio às injustiças e dificuldades."

    Lavigne coordena a plataforma #342 Agora, apoiada por artistas como Wagner Moura, Criolo e Karol Conka.

    O grupo endossa pautas progressistas, se contrapondo ao Movimento Brasil Livre –o qual Caetano processou e venceu uma tutela antecipada após ser tachado de pedófilo (o músico tinha mais de 40 anos quando conheceu Lavigne, então com 13).

    Caetano diz acreditar que o diálogo entre polos ideológicos poderia trazer "melhor estado de saúde social".

    O cantor declara seu voto ao presidenciável Ciro Gomes, vítima, segundo ele, de um boicote da imprensa.

    "A Folha mesmo só deu visibilidade à candidatura dele quando, depois de esperar muito, encontrou uma palavra dita por ele que poderia desmerecê-lo —e deram foto colorida sob a palavra "testosterona" tirada de contexto." Em evento no Rio, ao comentar a postura da pré-candidata Marina Silva, Ciro afirmou que o "momento político é de testosterona".

    Caetano ainda revela a "fantasia remota" de ocupar um cargo político a fim de revitalizar o município baiano de Santo Amaro, onde nasceu.

    "Sabe-se que na China (assim como na Rússia soviética) foi o comunismo centralizador a contaminar as águas, as terras e o ar. Mas em Santo Amaro foi o capitalismo", diz, relatando a atuação de uma fábrica de chumbo condenada por poluir o rio Subaé.

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