• Poder

    Monday, 29-Apr-2024 18:30:24 -03

    DEM engorda bancada e desidrata o PSB

    DANIEL CARVALHO
    TALITA FERNANDES
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    12/12/2017 02h00 - Atualizado às 09h34

    O DEM deu início ao movimento de engorda de sua bancada na Câmara dos Deputados e consequente desidratação do PSB.

    O primeiro a anunciar filiação foi o deputado federal Danilo Forte (CE), que já havia rompido com o PSB e estava sem partido.

    Assim como ele, outros seis a oito deputados devem se filiar ao DEM até quinta-feira (14), quando o partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do ministro da Educação, Mendonça Filho (PE), realiza convenção.

    Nesta primeira onda migratória, devem entrar no DEM os deputados Tereza Cristina (MS), Fabio Garcia (MT) e Adilton Sachetti (MT) –que já deixaram o PSB–, José Reinaldo (MA), Heráclito Fortes (PI) e Marinaldo Rosendo (PE), que ainda integram a bancada do PSB.

    Eles trocam de partido antes da janela partidária, em março. Em tese, esses parlamentares podem ter seus mandatos reivindicados pelo partido.

    Segundo Danilo Forte, a mudança imediata se deve à intenção de integrar o comando do partido. Ele explica que, pelo estatuto do DEM, os interessados em integrar as executivas regionais e nacional têm que se inscrever até seis dias antes da convenção.

    O DEM também negocia a migração do ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia), mas a questão ainda não está resolvida.

    A previsão era que o ministro seguisse os passos do pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE), que deixou o PSB para ingressar no PMDB.

    No entanto, aliados do senador dizem que a situação do PMDB pernambucano não está tranquila por causa da disputa por espaços e, assim, Bezerra Filho retomou o diálogo com o DEM.

    JANELA

    Até março, pelo menos outros quatro parlamentares devem deixar o PSB para integrar o DEM. Entre os nomes negociados para trocar de sigla estão os deputados Átila Lira (PI), Rodrigo Martins (PI) e Tenente Lúcio (MG).

    Hoje, o DEM é a sétima maior bancada da Câmara, com 29 deputados. Fica atrás de PMDB (60), PT (57), PP (46), PSDB (46), PR (37) e do próprio PSB (33).

    Com as migrações dos próximos dias e desconsiderando movimentações em outras siglas, o DEM deve ter 36 deputados, passando à sexta posição no ranking de tamanho de bancadas. O PSB passa a ter 30 deputados (7º).

    Com as mudanças previstas para o início do ano que vem, o DEM passa para a quinta posição, com 40 deputados –um integrante da cúpula do partido diz que pode se chegar a 45 deputados.

    Já o PSB ficaria com apenas 26 deputados.

    O líder do PSB na Câmara, Julio Delgado (MG), procurou minimizar as deserções.

    "Esses que estão indo não é uma verdadeira saída do PSB. É um retorno para as origens. Esses deputados já tinham um perfil conservador, de centro-direita, o que representam o DEM. A gente não vê isso como uma perda", disse o Delgado.

    Já o comando do DEM faz planos para o ano que vem.

    "O DEM chegará [a 2018] com condições de disputar a eleição presidencial e 12 governos. Teremos um discurso claro de reformas e equilíbrio fiscal", disse Maia.

    No entanto, por falta de consenso, o partido não deve lançar uma pré-candidatura na convenção de quinta. No máximo, dirá que tem nomes fortes para a disputa como o de Maia e o de ACM Neto, prefeito de Salvador (BA).

    Há quem defenda uma composição do presidente da Câmara com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), para a disputa pelo Palácio do Planalto.

    Tradicionalmente, o DEM integra a aliança do candidato do PSDB, que deve ser o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O tucano assumiu a presidência da legenda em convenção realizada no último sábado (9).

    Já o PSB intensificou as conversas com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, que ainda não é filiado a nenhum partido e tem 5% das intenções de voto.

    BRIGA

    A disputa por nomes do PSB já foi motivo de briga entre DEM e PMDB.

    Em setembro, Rodrigo Maia chegou a acusar o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) de atuarem para enfraquecer e evitar o crescimento do DEM.

    O primeiro capítulo da disputa entre o partido do presidente da Câmara e do presidente Michel Temer (PMDB) aconteceu em julho.

    À época, quando percebeu o assédio do DEM para inflar sua bancada, Temer foi à casa da então líder do PSB, Tereza Cristina (MS), para oferecer o PMDB como legenda para receber os cerca de 15 insatisfeitos do partido.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024