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    PT promete guerrilha jurídica por Lula, mas admite que a 'ficha caiu'

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    13/12/2017 12h42

    Adriano Vizoni - 5.nov.2017/Folhapress
    DUQUE DE CAXIAS - RJ - BR, 05-11-2017, 20h00: CARAVANA LULA SUDESTE. O ex-presidente Luiz Inacio Lula da SIlva durante ato na cidade de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO FSP***
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante comício em Duque de Caxias, no Rio

    A cúpula do PT se prepara para o que chama de "guerrilha jurídica" para tentar garantir a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2018, mas a marcação do julgamento do recurso que deverá impedi-lo de concorrer fez "cair a ficha" no partido.

    Segundo a Folha apurou, a expressão foi usada por diversos líderes petistas em conversas desde a tarde de segunda, quando ficou público que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgará a apelação de Lula contra a condenação a 9 anos e 6 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no dia 24 de janeiro.

    Dentro da sigla, o tempo recorde do andamento do processo é visto como a justificativa perfeita para a narrativa de que Lula é um perseguido judicial. Sua defesa está levantando dados comparativos do andamento de recursos de processos no âmbito da Operação Lava Jato.

    O plano A segue sendo tentar levar Lula até o fim da disputa, mas a sobriedade tem pautado as conversas internas no partido. Nelas, a alta probabilidade de Lula ser impedido de concorrer por estar condenado por um colegiado antes do prazo inicialmente previsto é vista também como uma janela de oportunidade.

    Naturalmente, nenhum líder petista dirá isso em público, mas o fato é que a sigla ganha tempo para fazer costura de alianças estaduais vitais para sua pretensão nacional. Essa era a visão predominante até há alguns meses, mas parecer jurídico indicando chance de sucesso em recursos mudou a tática visível do PT.

    O foco é o PSB, partido que está rachado e sob assédio de siglas como PMDB e DEM, pelo maior ativo que possui: a candidatura ao governo de São Paulo.

    O vice-governador Márcio França é do partido e irá assumir a cadeira de Geraldo Alckmin quando o tucano se desincompatibilizar para disputar o Planalto. Ele diz que vai buscar a reeleição, e o PT está disposto a abrir mão da candidatura de Luiz Marinho se a costura se viabilizar em Estados como o Ceará e Pernambuco, além obviamente da aliança nacional.

    Resta saber como França, que se diz leal a Alckmin, procederia num acerto desses. O PT aposta que ele não terá muita opção, já que o PSDB terá candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes.

    Tudo isso é central para que o PT consiga construir uma candidatura a partir da ruína da postulação de Lula. Os nomes mais citados, do ex-governador Jaques Wagner (BA) e do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, estão longe de serem conhecidos nacionalmente, o que não precisa ser um problema já que a taxa de rejeição ao PT vem caindo neste ano em pesquisas eleitorais. Mas a transferência de votos não é um processo automático, como indicou pesquisa do Datafolha.

    O partido inclusive pode discutir apoio a um nome de fora da sigla, embora hoje essa possibilidade seja remota. Não menos por falta de opção: o candidato mais encorpado no campo da esquerda, Ciro Gomes (PDT), queimou as pontes com o PT após seguidas críticas à postulação de Lula. O resto da tropa é formada por nanicos.

    Por essas e outras o discurso oficial será o de tentar levar Lula até o fim, mas, como dizem os dirigentes, a ficha caiu. (Em tempo, para quem não é da época em que se usavam fichas telefônicas em orelhões, a expressão indica que uma ideia foi assimilada: quando a ligação era completada, a ficha caía dentro do aparelho.)

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