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    Lava Jato

    No 10º depoimento, Cabral diz proteger 'companheiros de lutas'

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    14/12/2017 16h26

    No 10º depoimento à Justiça Federal desde que foi preso em novembro de 2016, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral afirmou que arrecadou caixa dois para campanhas de correligionários, mas se negou a mencioná-los.

    "Isso implicaria citar companheiros meus, de lutas políticas", afirmou o peemedebista ao juiz Marcelo Bretas.

    A afirmação foi feita quando o magistrado o instou a comprovar a tese de defesa desde o primeiro depoimento, de que os recursos dados por empreiteiras ao longo de seu governo tinha como destino campanhas eleitorais.

    "O senhor entende que, não dando essas informações, dificulta [a defesa]", disse Bretas.

    O peemedebista já havia afirmado em interrogatórios anteriores que arrecadou caixa dois para a campanha de reeleição para o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014. Mencionou ainda as campanhas municipais de 2008 e 2012, sem apontar para quais aliados recolheu o dinheiro.

    Cabral voltou a criticar réus que firmaram delação premiada, em especial seu ex-assessor Carlos Emanuel Miranda, apontado pelas investigações como o "gerente da propina" do ex-governador.

    "Delator e traidor. Mentiroso. Nelson Rodrigues tem a figura do cunhado canalha. Ele é o primo canalha [Miranda era casado com uma prima de Cabral]", declarou.

    "Basta apontar o dedo para mim que ganha o prêmio da delação. Todo mundo que fala de mim, se dá bem", disse Cabral.

    O peemedebista voltou a classificar Miranda como um "amarra-cachorro", mas confirmou que pagava um salário mensal ao economista com "sobras de caixa dois". Ele afirmou que o ex-assessor recebia cerca de R$ 70 mil por mês –o economista declarou que recebia R$ 150 mil mensais.

    O peemedebista depôs na ação penal que trata da suposta mesada paga pela Carioca Engenharia para o grupo de Cabral. Segundo a denúncia, o peemedebista recebeu cerca de R$ 39 milhões no esquema com a empreiteira.

    Réu em 16 ações penais, Cabral já prestou nove depoimentos a Bretas e um ao juiz Sergio Moro. Três processos já tiveram sentença que já somam 72 anos de pena ao ex-governador, com recursos na segunda instância.

    FLAMENGO

    Ao fim da audiência, Cabral lamentou o empate do Flamengo com o Independiente, que culminou com a perda do título da Copa Sul-Americana.

    "Torci a beça. Sofri porque o Vasco ia passar para segunda fase direto, seria bem melhor. Meus filhos são vascaínos, e reclamam. Mas é pragmático", disse ao magistrado, flamenguista.

    "Não vamos falar disso", respondeu Bretas, que declarou não ter visto o jogo.

    Urbano Erbiste - 15.dez.2016/Agência O Globo
    Rio de Janeiro (RJ) - 15/12/2016 - O juiz federal Marcelo da Costa Bretas que autorizou a prisao de Sergio Cabral.Foto: Urbano Erbiste / Agencia Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O juiz federal Marcelo Bretas, que havia pedido a transferência de Cabral
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