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    Lava Jato

    Temer teve ano de recuos para salvar governo

    GUSTAVO URIBE
    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    30/12/2017 02h00

    No ano em que enfrentou denúncias de irregularidades e problemas de saúde, o presidente Michel Temer precisou rever diversas decisões para evitar embates públicos que pudessem enfraquecer ainda mais seu governo, aprovado por apenas 5% da população, segundo o Datafolha.

    Sob pressão da opinião pública e da equipe presidencial, entre outras medidas ele revogou um decreto com impacto ambiental, não realizou reforma ministerial ampla como se esperava e desistiu da regra para afastamento de auxiliares investigados.

    O próprio presidente defendeu, no ano passado, sua já notória atitude de recuar. "Quando houver equívoco, tem de rever a posição. Se o fizer, consertá-lo-ei", disse.

    REFORMA PARA INGLÊS VER
    Em novembro, o presidente decidiu fazer uma reforma ministerial ampla, trocando os 17 auxiliares que serão candidatos em 2018. Com a insistência dos ministros para continuar no cargo até março, ele acabou não trocando nenhum. No período, Bruno Araújo e Antonio Imbassahy, do PSDB, e Ronaldo Nogueira, do PTB, deixaram o governo.

    BIRUTA DE AEROPORTO
    Sob o risco de ser afastado do cargo, caso não fosse barrada denúncia contra ele, o presidente havia desistido de participar do encontro do G20, na Alemanha. Com a acusação de que o governo estava paralisado, decidiu viajar para demonstrar normalidade. Houve agravamento da crise política e ele antecipou retorno ao Brasil.

    TÔ DE MAL
    Em queda de braço com Rodrigo Janot, o presidente havia afirmado a auxiliares diretos que indicaria um nome fora da lista tríplice para substituir o então procurador-geral da República. Com receio de que fosse acusado de interferir na Lava Jato, Temer desistiu e acabou nomeando Raquel Dodge, a segunda colocada.

    DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
    Como uma medida moralizante, o presidente anunciou que afastaria temporariamente ministros que fossem denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Como ele próprio foi denunciado duas vezes posteriormente, desistiu da linha de corte.

    MARCHA SOLDADO
    Após protesto com episódios de vandalismo na Esplanada dos Ministérios, o presidente chegou a anunciar um decreto que autorizava a atuação das Forças Armadas nas ruas do Distrito Federal. No dia seguinte, no entanto, ele revogou a medida após ter recebido críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    O PODER DE GISELE
    O presidente extinguiu reserva na região amazônica conhecida como Renca (Reserva Nacional do Cobre Associados). Sob críticas de entidades ambientais, ele publicou novo decreto, com mudanças. O recuo, contudo, não foi suficiente, o que o levou a rever a iniciativa. A modelo Gisele Bündchen foi uma das principais vozes contra o decreto e a primeira a ser informada pelo próprio presidente da desistência.

    LIQUID PAPER
    O presidente teve de fazer mudanças até mesmo em nomeação já publicada no "Diário Oficial". A indicação feita pelo ministro Torquato Jardim (Justiça) para a Superintendência do Cade caiu em 15 dias. No meio do feriado de 7 de setembro, nova publicação anunciou a troca do escolhido por um nome ligado ao PP.

    SER OU NÃO SER
    O presidente havia decidido fazer uma posse conjunta dos ministros Alexandre Baldy (Cidades) e Carlos Marun (Governo). A informação chegou a ser publicada na rede social oficial do Planalto. O episódio, contudo, irritou o PSDB, o que fez o presidente desistir e esperar o pedido de demissão de Antonio Imbassahy para dar posse a Marun

    ARREMETENDO EM VOO
    O empresário Joesley Batista, da JBS, afirmou à Procuradoria que o presidente havia viajado em seu jato particular quando ele era vice-presidente, o que foi negado por Temer. No dia seguinte, no entanto, o presidente mudou a versão e reconheceu que utilizou a aeronave.

    MUDANÇA DE RUMO
    Com dificuldades de conseguir apoio, o presidente chegou a jogar a toalha sobre a aprovação da reforma previdenciária. Com uma forte reação negativa do mercado financeiro, Temer recuou e ressaltou que "jamais desistirá" da proposta.

    LEI ÁUREA A SALVO
    Em um agrado à bancada ruralista, o presidente editou portaria que flexibilizava a fiscalização de condições de trabalho análogas à escravidão. Sob críticas, pediu para que o Ministério do Trabalho alterasse a portaria, que foi republicada nesta sexta (29), com regras mais duras.

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