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    'PSDB fez bom governo, mas é preciso olhar para a frente', diz Rodrigo Garcia

    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    DE SÃO PAULO

    31/12/2017 02h00

    Adriano Vizoni/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 29-08-2016, 15h30: Retrato do secretario de habitacao, Rodrigo Garcia. Rodrigo da entrevista especial para a Folha. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ESPECIAL) ***EXCLUSIVO***
    Rodrigo Garcia (DEM), secretário de Habitação e pré-candidato ao governo de São Paulo

    Pré-candidato do DEM a governador de São Paulo, Rodrigo Garcia defende um salto maior em inovação no Estado.

    Secretário de Habitação do governo Geraldo Alckmin (PSDB), ele diz que os tucanos, no poder em São Paulo desde 1995, conseguiram bons resultados, mas que é preciso avançar em pontos estratégicos, como saúde, educação e privatizações.

    Garcia, 43, vice-presidente nacional do DEM, avalia que o partido passa por um momento de crescimento nacional, o que irá se refletir em candidaturas nos principais colégios eleitorais do país.

    Em pesquisa Datafolha para o governo do Estado divulgada no começo de dezembro, Garcia aparece com até 4% das intenções de votos, empatado tecnicamente em algumas simulações com o vice-governador, Márcio França (PSB), Gilberto Kassab (PSD) e Gabriel Chalita (PDT).

    *

    Folha - Por que o senhor resolveu se apresentar como pré-candidato a governador de São Paulo?
    Rodrigo Garcia - Eu exerço mandatos há 20 anos. Fui deputado estadual e federal. Fui diversas vezes secretário, do município e do Estado.
    Apesar de jovem, sinto-me preparado para o desafio de governar o maior Estado do Brasil. A sociedade quer a renovação, mas sabe que ela deve trazer também a experiência.

    Comenta-se que o senhor poderia ser vice numa eventual chapa liderada pelo prefeito João Doria (PSDB).
    Naturalmente nestes momentos as especulações existem, mas sou pré-candidato a governador. Respeito os adversários, mas chegou a hora de o DEM ter um candidato a governador em São Paulo.
    Somos hoje o partido mais sintonizado com as bandeiras e demandas da sociedade brasileira: um Estado menor, o incentivo ao empreendedorismo, a redução dos gastos com a máquina pública.
    Eu acho que o PSDB deu uma contribuição importante para São Paulo. Geraldo Alckmin teve muita responsabilidade fiscal no Estado, inovou em algumas áreas. Mas é chegado o tempo de dar um salto de inovação maior.

    Em quais pontos o senhor considera que é preciso avançar?
    Defendendo o enxugamento da máquina, as privatizações, as concessões. Defendo a extinção de estatais. Temos uma boa tradição nisso, mas podemos avançar mais. Precisamos aproximar a ciência da indústria. Focar na saúde e na educação.
    São Paulo investe 30% do que arrecada na educação. E convive hoje com falta de professores, o que não é aceitável.

    O PSDB está no governo há mais de 20 anos. O eleitor quer mudança?
    É muito tempo de governo, mas ele foi aprovado pelas urnas. E fez, em minha opinião, um bom governo. Agora é hora de olhar para frente. A agenda de São Paulo de 2019 é diferente da de 2015.

    A base aliada pode ter vários candidatos na disputa. Um nome do próprio PSDB, o vice-governador Márcio França (PSB), o senhor. Haveria algum constrangimento em disputar com eles?
    Vejo isso com muita naturalidade. O governador Alckmin administra uma grande coalizão em São Paulo. O DEM está ao lado do PSDB há muito tempo. O PSB se somou neste último mandato.
    São partidos diferentes, que agora se sentem preparados para disputar uma eleição. O desejo de candidatura própria dos partidos deve ser respeitado. Um partido existe não para apoiar um outro, mas para ter candidatos.

    O senhor ocupa cargos na gestão Alckmin desde 2010. Na eleição, porém, estaria na oposição. Não seria estranho?
    Eu digo que o PSDB cumpriu seu papel a seu tempo. Eu quero discutir São Paulo de 2019 para frente.

    Quais as perspectivas para o DEM em 2018?
    Devemos ter um bom crescimento. O DEM elegeu 21 deputados federais em 2014. Tivemos algumas adesões, terminaremos 2017 com 35.
    E na janela partidária de março [período em que é liberada a troca de partido] passaremos de 45. Chegaremos à disputa eleitoral como um dos maiores partidos do Brasil. Na eleição esperamos formar uma bancada de 50 deputados federais.

    Defende que o DEM tenha candidato à Presidência?
    Todo partido busca uma candidatura própria. No caso da Presidência, evidentemente, isso não é simples. Naturalmente temos quadro para isso, mas tomaremos essa decisão mais adiante.
    Temos o governador Alckmin como um grande parceiro, nunca escondemos isso. Somos aliados. O governador se coloca como pré-candidato pelo PSDB. Devemos ter conversas com eles para avaliar a possibilidade de aliança.

    Quais seriam os nomes do DEM para essa disputa?
    Acho que Rodrigo Maia [presidente da Câmara] e ACM Neto [prefeito de Salvador]. São dois nomes com história. Os dois negam, dizem que não é o momento. De toda forma, são dois jovens expoentes da política.

    Como fica o comando do DEM, uma vez que Agripino Maia, presidente da sigla, virou réu no STF?
    Nós teremos uma convenção em 6 de fevereiro. Até lá o partido tomará sua decisão.
    O partido passará por uma refundação. Um novo Democratas nascerá. Iremos apresentar e votar um manifesto. Todos os diretórios serão destituídos.
    O Agripino não se colocou como candidato nessa renovação. Ele terá oportunidade de se defender.

    Mas essa situação não macula o partido?
    Cada um responde por seus atos. Até que se prove o contrário, todo partido tem confiança em seus filiados.

    O que será o manifesto?
    Vai reposicionar o partido mais ao centro. Defenderá uma agenda liberal na economia, mas uma agenda social robusta. Reconhecerá que o Brasil vive um estágio de desenvolvimento e o Estado tem sim um papel de apoiar as pessoas que mais precisam. Os programas de transferência de renda e de assistência social são importantes como uma porta de saída da pobreza.

    Esse aspecto social estava esquecido no partido?
    Não estava esquecido. Eu mesmo fui secretário de Assistência Social aqui em São Paulo. O ACM Neto, em Salvador, tem uma importante agenda social. Vamos reforçar isso num modelo liberal como é o do DEM.

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