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    Start-up recicla resíduos indesejados, das cápsulas de café às fraldas

    ANDREA VIALLI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    07/10/2017 02h00

    Se já é difícil obter índices elevados de reciclagem para resíduos com valor de mercado, tais como papel, plástico e vidro, o que dizer então de restos pouco valorizados pelas cooperativas?

    Para evitar o destino comum dos aterros ou dos lixões, a start-up Boomera se especializou justamente no tipo de lixo que ninguém quer –ou consegue– reciclar.

    Keiny Andrade/Folhapress
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    O engenheiro de materiais Guilherme Brammer mostra cápsulas de café trituradas

    A empresa patenteou recentemente um sistema de reciclagem para fraldas descartáveis. Também possui tecnologias para reciclar cápsulas de café expresso e embalagens flexíveis como "BOPP", tipo de plástico revestido com alumínio, utilizado para embalar biscoitos, chocolates e salgadinhos industrializados.

    Tudo começou em 2011 com o primeiro empreendimento criado pelo engenheiro de materiais Guilherme Brammer. A meta era achar soluções tecnológicas para viabilizar a reciclagem de resíduos mais complexos.

    A Política Nacional de Resíduos Sólidos acabara de ser aprovada e impunha a obrigação de as empresas serem corresponsáveis por embalagens colocadas no mercado.

    Brammer não teve dúvidas: passou a procurar grandes companhias para verificar quais eram os principais gargalos para a reciclagem e como poderiam trabalhar em conjunto.

    Uma das primeiras tecnologias foi uma solução para o "BOPP". O material, muito leve, não atrai o interesse das cooperativas de reciclagem. A empresa engajou algumas cooperativas na coleta dessa embalagem e desenvolveu, para a PepsiCo, uma resina a partir do material triturado. Essa resina passou a ser utilizada na fabricação de displays voltados à divulgação dos produtos nos pontos de venda, fechando o ciclo.

    "Esse tipo de embalagem passava batido nas esteiras das cooperativas. Foi preciso criar incentivos financeiros para viabilizar a coleta", conta Brammer.

    A Boomera paga hoje até R$ 200 pela a tonelada dessas embalagens e já são 250 as cooperativas com as quais trabalha em parceria, nas cidades de São Paulo, Manaus e Porto Alegre.

    Além de desenvolver a tecnologia de reciclagem sob demanda das empresas, a start-up faz a operação logística de resíduos complexos, caso de cápsulas de café expresso e fraldas descartáveis.

    As cápsulas são um resíduo novo que está se tornando rapidamente um problema ambiental quando não retorna à indústria, o que já fez com que alguns países adotassem medidas para restringir o seu consumo.

    Com o time da Dolce Gusto, um das marcas de cápsulas da Nestlé, a Boomera desenvolveu duas aplicações para reaproveitar o material.

    As cápsulas usadas, após trituração, viram um tipo de resina que pode ser utilizada para confecção de novos produtos relacionados ao universo do café, como um porta-cápsulas e vasinhos usados para acomodar as mudas cafeeiras na agricultura.

    Porém, a logística reversa das cápsulas ainda é o maior desafio. Para fazer com que o material retorne para a reciclagem, foram estabelecidos 30 pontos de coleta em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e interior paulista, onde o consumidor pode descartar as cápsulas em lojas da rede Pão de Açúcar.

    "Para estimular o consumidor a se engajar, estamos estudando um mecanismo de bônus ou desconto na compra de novas cápsulas", diz o empreendedor. Hoje a empresa recicla cerca de três toneladas de cápsulas por mês, mas tem capacidade para reciclar até 20 toneladas/mês.

    Outra solução customizada da Boomera foi com as fraldas descartáveis pós-consumo. A empresa já havia patenteado uma tecnologia para a reciclagem desse produto, em parceria com a Universidade Mackenzie, e deu início a um piloto. O primeiro passo é esterilizar as fraldas. Depois, o equipamento desenvolvido pela empresa separa resíduo orgânico do inorgânico (que contém plástico que pode ser reciclado e transformado em resina).

    Para viabilizar o piloto, a empresa buscou 10 toneladas de fraldas em grandes geradores, como hospitais e creches, e agora está desenvolvendo os primeiros produtos de plástico injetado com a resina proveniente das fraldas, como cestos de lixo e cabides. A empresa tem capacidade para processar até 20 toneladas de fraldas por mês.

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