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    o futuro da amazônia

    Cidades da Amazônia sofrem com falta de saneamento e água limpa

    DE MANAUS

    03/12/2017 02h00

    Desiguais e insalubres, com baixos índices de acesso a saneamento e água tratada, as cidades da Amazônia sofrem há décadas com problemas básicos.

    O diagnóstico duro foi unanimidade entre os participantes da discussão sobre urbanização, parte do seminário O Futuro da Amazônia, realizado na segunda-feira (27) na capital amazonense.

    "Ninguém pensa que se passa sede na Amazônia, mas há cidades pequenas com poluição hídrica e sem saneamento básico, dependentes de água da chuva", afirmou a geógrafa Tatiana Schor, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

    Aguilar Abecassis/A Crítica
    Sibylle Muller, da AcquaBrasilis, em empreendimento com sistema de reúso, em São Paulo
    Moradias sem saneamento básico na Comunidade da Sharp, zona leste de Manaus (AM)

    Enfocando Manaus, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU/AM), Jaime Kuck, disse que a cidade de 2,1 milhões de habitantes se espalhou demais, provocando falta de recursos para transporte e saneamento.

    "O crescimento superficial de Manaus foi três vezes maior do que o populacional. Na década de 1960, tínhamos mais de cem habitantes por hectare. Hoje, temos menos de 40. Isso exigiu uma demanda por infraestrutura extraordinária, com alto custo", afirma Kuck.

    Segundo um relatório do Instituto Trata Brasil de 2017, apenas 10,4% dos moradores da cidade têm acesso à rede de esgoto –em Porto Velho, capital de Rondônia, esse número cai para 3,71%.

    De acordo com o instituto, a região Norte é a mais atrasada do país em relação ao saneamento. Sete das dez piores cidades nesse quesito estão localizadas na Amazônia, incluindo Manaus.

    A disponibilidade de água tratada também é crítica na região: cinco das dez cidades com os piores indicadores estão ali. Em Ananindeua, segundo município mais populoso do Pará, com pouco mais de 500 mil habitantes, só 28,8% dos moradores têm acesso a água limpa.

    Outra consequência desse crescimento descontrolado, segundo Kuck, é a criação de uma "ilha de calor" na cidade devido à diminuição de áreas verdes para a chegada do asfalto e do concreto.

    Na avaliação do geógrafo Reinaldo Corrêa Costa, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), o resultado da histórica falta de planejamento de Manaus é uma cidade insalubre, com alta ocorrência de doenças como leptospirose e diarréia.

    Mesmo do ponto de vista do turismo, as cidades do Norte podem evoluir muito. "Manaus está de costas para o rio, que é o seu maior atrativo", disse o empresário Guto Costa Filho.

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