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    2º seminário mobilidade urbana

    Ativistas cobram prioridade a pedestre e ciclista em planos de mobilidade

    THAIZA PAULUZE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/01/2018 20h02

    A cidade de São Paulo pensa principalmente nos carros quando se fala de mobilidade, enquanto pedestres e ciclistas ficam invisíveis para o poder público, na opinião de Carlos Aranha, jornalista e representante da associação Cidadeapé, e de Luiza de Andrada, diretora do Instituto Cidade em Movimento.

    "O código de trânsito é claro no sentido de que é preciso proteger quem é mais fraco, mas hoje, na gestão do João Doria, o que acontece é o contrário", afirmou Aranha, no 2º Seminário Mobilidade Urbana, realizado pela Folha, com patrocínio do grupo CCR e da Uber, nesta segunda-feira (22), no teatro Unibes Cultural, em São Paulo.

    Aranha criticou o aumento da velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros pelo atual prefeito. "Não queremos uma cidade para pedestre e ciclista apenas, mas uma cidade para todos, onde o carro seja parte integrante e não dominante."

    Para a diretora do Cidade em Movimento, mobilidade não é apenas o modal viário, mas as praças, as calçadas, as travessias. "No acidente que aconteceu em Copacabana [quando um carro atropelou 18 pessoas e matou um bebê, na quinta (18)], não teria diferença o motorista estar dirigindo a uma velocidade de 20 quilômetros por hora ao invés de 80 quilômetros?", indagou. "Talvez tivesse apenas machucado, não matado."

    Ciclistas e pedestres são as principais vítimas do trânsito na capital, de acordo com dados do Infosiga, do governo do Estado. Foram 552 mortes entre janeiro e julho do ano passado –45% das vítimas foram pedestres. O número de ciclistas mortos aumentou 64% em relação ao mesmo período do ano anterior.

    MULTAS PARA PEDESTRES E CICLISTAS

    Os representantes das organizações criticaram a resolução federal que obriga os órgãos do país a multar pedestres que, por exemplo, atravessem fora da faixa e ciclistas que andam em calçadas ou conduzam de maneira agressiva. As multas para pedestres serão de R$ 44,19 e para ciclistas, de R$ 130,16, além da retenção da bicicleta.

    "Cobrar deveres de quem não tem seu direito garantido é uma ofensa num país que mata 60 mil pessoas por ano no trânsito. É uma punição para quem hoje está tendo sua vida ceifada", afirmou Aranha.

    Para Andrada, é uma tentativa de culpar o mais frágil da equação, que ignora o aspecto cultural. "É preciso ter mais tolerância e respeito pelo outro no trânsito. Não existe mobilidade sem cortesia", disse.

    Eles também são contrários ao plano de comunicação sobre segurança no trânsito anunciado pelo prefeito João Doria (PSDB). Na visão de Aranha, a comunicação não pode vir sozinha. "É preciso reduzir a velocidade das vias, implementar uma fiscalização maciça e redesenhar as ruas, pois tudo é pensado para o automóvel."

    Para o presidente da ViaQuatro, Harald Peter, é preciso incentivar mais o uso de bicicletas como transporte principal e como integração ao metrô, que hoje não permite o uso delas nos vagões antes das 20h30 nos dias úteis. A ViaQuatro, comandada pelo grupo CCR, é a concessionária responsável pela Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo.

    "No horário de pico, é impossível carregar uma bicicleta no metrô. Essa política de incentivo, então, envolve aumentar também o sistema, criando, inclusive, um vagão apenas para ciclistas, comum em outros países", disse Peter.

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