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    Arquiteto cria bicicleta que desliza sobre água e é movida a vela

    CHICO FELITTI
    DE SÃO PAULO

    28/10/2012 03h00

    Argus Caruso Saturnino está fincando raízes no Rio. Ele acaba de comprar um apartamento em Botafogo e uma casinha no morro do Vidigal. É a primeira vez em bastante tempo que o arquiteto de 37 anos tem teto e chão fixos.

    O nomadismo dele começou aos 20 anos, quando viu anúncio procurando tripulação para uma regata que mimetizaria o trajeto de Cabral da Europa até o Brasil. Tinha interesse, mas nenhuma experiência.

    Gustavo Pellizon
    Arquiteto Argus Caruso (foto) criou uma bicicleta anfíbia, que roda a 40 km/h até em água, conduzida por uma vela
    Arquiteto Argus Caruso (foto) criou uma bicicleta anfíbia, que roda a 40 km/h até em água, movida a vela

    Então mentiu que era cozinheiro. Atravessou o Atlântico duas vezes. Não aprendeu a cozinhar, mas aproveitou o silêncio para "pensar muito na vida". Aportou em outro ritmo. "Ficar no mar é como ir para a Lua. Um mundo completamente diferente." Os amigos reclamavam que voltou falando muito devagar. "Ninguém tinha paciência para me ouvir."

    Decidiu girar o mundo de novo. Dessa vez de bike, refazendo 35 mil quilômetros de rotas históricas, como a da Seda. Passou de 2001 a 2005 pedalando pela beira dos maiores rios do mundo.

    Voltou e quis contar o que viu. Já visitou mais de 200 escolas dando palestra sobre o projeto. Tipo uma aula de história de um homem só. Chega aos colégios de bicicleta. Só quando tinha um rio no caminho pensava em outro transporte.

    Mas isso também vai ficar para trás: criou uma bicicleta anfíbia, que roda a 40 km/h, tanto em terra quanto em água, conduzida por uma vela. E planeja trajetos curtos. "A volta ao mundo me saciou a vontade de ver beduínos e hindus." Vai fazer pequenas expedições pelo Brasil que o permitam voltar para casa.

    CINEMA

    Até porque é no Rio que ele acaba atuando em outras praias, como na participação em "O Primeiro Dia de um Ano Qualquer", último longa de Domingos de Oliveira. Argus acabou na tela por acidente. Estava na casa da ex-namorada Maitê Proença quando o pessoal do cinema resolveu filmar o roteiro ali mesmo, durante dez dias. Ele foi incluído na lista, mesmo sem nunca ter atuado.

    Nada que preocupasse o diretor. Domingos disse a ele que tinha um método para transformar qualquer um em ator. "Fomos para a casa dele fazer o tal milagre." O cineasta colocou Argus sentadinho na sala e fez um monólogo de 120 minutos sobre a arte.

    O intensivão parece ter funcionado. Argus foi indicado a melhor ator coadjuvante no Festival do Rio deste ano. "Pensei: 'Algum estagiário fez essa seleção'." Perdeu para Caco Ciocler, mas acha que já dá para "tirar onda com os amigos". Pode crer.

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