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    Paisagista gaúcho cria jardins para elite no litoral nova-iorquino

    MILLY LACOMBE
    DE NOVA YORK (EUA)

    29/09/2013 02h30

    Quando nos encontramos à beira de uma piscina em Nova York onde ele mora desde 1990, quando foi curtir uma fossa e acabou arranjando emprego em uma firma de paisagismo, Frederico Azevedo não queria falar sobre seu trabalho, mas sobre o Aterro do Flamengo.

    Com um copo de limonada nas mãos, lembrava o grande feito da arquiteta Lota de Macedo Soares (1910-1967). "Você tem ideia do que ela fez ali? Foi revolucionário", diz. O assunto o empolga, comove, e ele segue: "Lota morreu sem saber da grandiosidade do que criou".

    O primeiro jardim que ele fez na vida foi o da casa dos pais, em Porto Alegre. Tinha seis anos e criou um canteiro de girassóis. E foi na adolescência, quando passava férias no Rio, que se apaixonou pelo Aterro do Flamengo. Estudou paisagismo no Brasil e na Inglaterra antes de chegar a Nova York e diz que a obra de Lota o inspira até hoje a buscar o novo, o diferente.

    Foi assim, misturando exoticamente formas e texturas ao ambiente natural, que ele conquistou seu lugar na comunidade dos Hamptons, em Nova York –CEP de alguns dos metros quadrados mais caros dos Estados Unidos, onde Jerry Seinfeld e Steven Spielberg têm casas, e para onde se mudou quando foi convidado a trabalhar em uma empresa de paisagismo da região.

    Na época, Robert e Generosa Ammon, empresários milionários da região, queriam refazer o jardim e o chamaram. Frederico propôs um projeto todo em tons de vermelho e laranja. Era uma transgressão, lembra ele. Quando ficou pronto, virou ponto turístico. As pessoas desciam do carro para fotografar.

    Mas o jardim que o descortinou para a elite local não sobreviveu por causa de um acontecimento bizarro: em 2001, Robert Ammon foi assassinado pelo amante da mulher. Ela morreu de câncer dois anos depois. O crime mais famoso dos Hamptons deixou a comunidade local escandalizada e inspirou o seriado Revenge (Globo, domingos, 23h). A história até hoje choca Frederico, que se lembra deles como pessoas bem-humoradas com quem tomava longos cafés da manhã.

    Desde então, abriu sua própria empresa e já fez centenas de projetos para milionários e socialites, incluindo Pelé (que também tem casa na região). Hoje, aos 52 anos, tem 25 funcionários e casas (e jardins) nos Hamptons, em Miami, Nova York e São Paulo.

    Trabalha 15 horas por dia, atendendo clientes, fazendo projetos e botando a mão na terra. Mas diz que não deixa o estresse chegar nem perto. Desde que esteja cercado de plantas por todos os lados.

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