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    Zé Celso Martinez antecipava a Mídia Ninja nos anos 1980

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    29/09/2013 02h30

    Foi com uma câmera na mão, muito barulho e um objetivo na cabeça que José Celso Martinez Corrêa diz ter obtido o tombamento do Teatro Oficina, espaço que sua companhia ocupava e que corria o risco de ser vendido nos anos 1980.

    "A câmera era nosso instrumento político de pressão. A gente invadia prefeitura, casa do governador. Todos morriam de medo", conta o diretor de teatro. "O vídeo obrigava as pessoas públicas a terem um comportamento público."

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    Neste sentido, as ações do grupo de teatro são mães do que a Mídia Ninja (sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) fez durante os protestos de junho.

    "Hoje, podemos fazer o mesmo que o Zé Celso fazia, só que ao vivo", diz Bruno Torturra, 34, um dos idealizadores do grupo que, segundo ele, "recupera a função social e política do jornalismo", apesar de ter "falhas e limitações", como inexperiência da equipe, falta de contextualização dos fatos e problemas de checagem.

    O diretor do Oficina também enxerga semelhanças nas ações de ontem e hoje. "A internet favoreceu a antropofagia. É a máquina do tempo: eu na era eletrônica e industrial, eles na era digital", filosofa. Cenas de protestos pelo tombamento do Oficina e de saques a supermercados durante a abertura política brasileira estão no vídeo "Caderneta de Campo", vencedor do Grande Prêmio do 1º Videobrasil, em 1983. Realizado com Noilton Nunes, Catherine Hirsch e Edson Elito, em parceria com a TV Cultura, o trabalho reúne trechos de várias peças que viriam a ser encenadas pelo Oficina e acabou banido da programação da emissora.

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