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    Conheça os irmãos que tocam o bem-sucedido Grupo Corpo de dança

    KATIA CALSAVARA
    DE BELO HORIZONTE

    24/11/2013 02h30

    O recheio do Grupo Corpo está nestas páginas, em diferentes personalidades. Como em toda família, os irmãos Pederneiras assumem que arrancam rabo, são diferentes e até mantêm certa distância no dia a dia. Mas todos lutam apaixonados pela mesma causa.

    Pedro, 61, engenheiro e diretor de palco, contribui com sua seriedade para a fina técnica dos espetáculos. Rodrigo, 58, coreógrafo, leva uma perfeita combinação de ansiedade e criatividade para a cena.

    Alexandre Rezende/Folhapress
    Pedro Pederneiras, Paulo, Miriam, Rodrigo Pederneiras são integrantes do Grupo Corpo de dança contemporânea
    Pedro, Paulo, Miriam e Rodrigo Pederneiras são irmãos e estão à frente do Grupo Corpo

    Paulo, 62, diretor artístico e cenógrafo, é o mais falante e organizado de todos. Enquanto Miriam, 55, ensaiadora e coordenadora do projeto social
    Corpo Cidadão, ensina novos artistas com a maturidade de 22 anos como bailarina da companhia.

    "O grupo está acima das nossas relações", falam quase todos ao mesmo tempo, durante a visita da Serafina à sede da companhia, em Belo Horizonte. "O mais importante é que existe uma honestidade grande entre nós", diz Paulo.

    Sempre com um carinhoso jeitinho mineiro de receber as pessoas, eles reforçam que ali não há espaço para vaidades, nem entre eles nem entre os bailarinos. Tomam café na copa com alunos, elenco e visitantes, e mantêm as portas de suas salas sempre abertas. "Há anos não sei o que é fazer uma reunião. A gente não precisa", diz algum deles no meio da turba.

    Miriam lembra que nem sempre foi fácil aceitar as ordens de Rodrigo. "Quando eu dançava, às vezes não queria fazer do jeito dele. Era difícil", assume. "Mas hoje é fácil", rebate Rodrigo. "Eu como coreógrafo e você como ensaiadora dá muito certo. A gente cresceu."

    Dois outros irmãos que não estão nas fotos completam a família: José Luiz, 63, fotógrafo oficial do grupo, e Marisa, 53, ex-bailarina que hoje vive na Alemanha. No decorrer da tarde encontramos Zé, o mais velho dos irmãos, que veio do Rio para uma visita. "Sempre convivemos bem. Voltamos agora de Moscou e foi maravilhoso", diz o quinto elemento.

    De todos, o único que não experimentou a dança "na pele" foi Paulo. "Alguém precisava trabalhar a sério por aqui", brinca.

    Mas eles reforçam que a engrenagem afiada do Corpo vai além deles mesmos. "São 60 pessoas que fazem parte dessa família. Muitos trabalham conosco desde os primórdios", diz Rodrigo.

    Fundada em 1975, a companhia mineira tem 34 peças no repertório e aposta em uma fórmula de sucesso nos palcos.

    As trilhas sonoras de compositores brasileiros, como Milton Nascimento, João Bosco, Tom Zé, Lenine e Arnaldo Antunes, são encomendadas por eles desde 1992. Some-se a isso a linguagem coreográfica criada por Rodrigo, que mescla movimentos de pescoço e quadris a braços e pernas soltos e divertidos –um verdadeiro gingado reconhecido como um jeito brasileiro de fazer dança contemporânea.

    Para completar a receita, eles optaram por manter seu repertório sempre vivo. Nas turnês anuais, remontam cerca de seis balés de épocas diferentes e mostram dois por noite. Agora, acabaram de montar "Triz", em cartaz em São Paulo até o dia 29 de novembro, no Teatro Alfa, e circulam também com "Parabelo" (1997).

    VOLTA AO MUNDO

    Os convites não param. Depois de desbravar inúmeras vezes a Europa e a América, querem abrir caminho na Ásia, onde estiveram duas vezes, em 2006 e 2013. E a agenda de 2014 e 2015 já está quase preenchida.

    Mas para onde os irmãos querem levar esse Corpo? Eles contam que pretendem expandir seus tentáculos criativos, sem interferir diretamente no formato atual.

    Para isso, desenvolveram o Instituto Cultural Corpo (ICC). A partir de 2014, devem receber profissionais das artes cênicas em residências para compartilhar o "know-how" de quase 40 anos de estrada.

    Uma das ideias, já em andamento, é criar uma metodologia com a linguagem coreográfica do grupo. "Eu e outras bailarinas mais antigas estamos elaborando essa técnica de forma didática. Não é fácil", conta Miriam.

    No começo do ano, Rodrigo passou por duas cirurgias (no ombro e no joelho). Ou seja, até maio quase não conseguia andar, imagine coreografar. Contou com a parceria dos bailarinos e dos irmãos. "Até o fim, não sabia se ia conseguir." Mas o Corpo supera limites.

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