No documentário "O Mercado de Notícias", Jorge Furtado usou instrumentos sofisticados, como paciência e bom senso, para desnudar alguns vícios do jornalismo.
Valendo-se dessas armas, descobriu o falso Picasso no INSS e percebeu algo que ninguém havia mostrado no episódio da bolinha de papel que atingiu José Serra na campanha presidencial de 2010.
O capítulo das investigações é o ponto alto do documentário. Outro capítulo, que corre paralelamente, são as entrevistas com 13 jornalistas experientes. Picotadas e organizadas por assuntos, passam a impressão de serem mais convergentes do que a íntegra deve sugerir.
O terceiro capítulo, que também aparece ao longo do documentário, é a montagem da peça homônima. Se, por um lado, escancara princípios do mercado de notícias, por outro, dispersa o ritmo do filme.
A busca de Furtado pela compreensão do que é jornalismo às vezes expõe, às vezes tropeça nos calos da profissão. Mas sobretudo a humaniza.