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    Mãe de Lena Dunham, de 'Girls', Laurie Simmons, 67, estreia na direção

    POIR LUÍSA GRAÇA

    27/11/2016 02h00

    Quando jovem, nos anos 1970, Laurie Simmons conseguiu convencer seus pais a lhe deixarem fazer faculdade de artes. Porém, o que ela queria mesmo era estudar cinema. "Achava que cinema era só para homens",
    reflete. Cinéfila desde sempre e artista fotográfica há quarenta e oito anos, com exposições realizadas no MoMA, Whitney Museum e na Bienal de Artes de Veneza, Simmons, aos 67, exibiu seu primeiro longa na última edição do Festival de Veneza.

    Em "My Art", ela assina roteiro, direção e interpreta Ellie, uma professora de arte e artista de performance que reinterpreta cenas de filmes clássicos como "Laranja Mecânica" (1972) e "Sortilégio do Amor" (1958). Um filme "divertido" e "gentilmente feminista", disse a crítica.

    "Estava frustrada com a maneira que mulheres da minha idade são representadas em tela", explica a artista. "A ideia de que só pensamos em envelhecimento não é verdade."

    Laurie começou a conquistar espaço na cena artística nova-iorquina no final dos anos 1970 como parte da chamada Picture's Generation, na companhia de nomes como Richard Prince e Cindy Sherman, criando séries fotográficas usando bonecas, objetos com pernas e peças de mobiliário em miniatura. Foi apenas em 2006, depois de rodar "The Music of Regret", um média-metragem estrelado por bonecos, mas com participações especiais de bailarinos e de Meryl Streep, que começou a usar seres humanos como objetos de suas fotos.

    "Pensar sobre cinema me tornou mais interessada por humanos", diz. Seu filme inspirou uma de suas filhas, Lena Dunham, criadora e protagonista da série "Girls", a fazer o primeiro longa, "Tiny Furniture" ("Mobília Mínima", no título em português, 2010), com participação da mãe e título emprestado do trabalho da fotógrafa. Agora, é Lena quem faz uma participação em "My Art", como uma artista plástica bem-sucedida reclamando do próprio sucesso.

    "Ver Lena trabalhar e como ela lida com críticas me deu muita coragem. Aprendo muito com minhas filhas", conta ela, também mãe da poeta e ativista LGBTQ Grace Dunham e mulher do pintor Carroll Dunham.

    Tanto "My Art" quanto "Tiny Furniture" (e até mesmo a série "Girls", de Lena) têm a ver com mulheres tentando encontrar seu espaço no mundo real e criativo. Os dois são projetos independentes de baixo orçamento. O da mãe foi rodado na casa de campo da família, em Connecticut; o da filha, no loft da família, no bairro de Tribeca, em Nova York.

    "Ambas são histórias de amadurecimento", constata Laurie. "Podemos amadurecer em qualquer idade", argumenta. Ellie, a personagem central do longa, é uma espécie de versão fictícia da própria Laurie. Forte, inteligente, divertida e ambiciosa.

    "Sabe, estou rezando para que me chamem de cineasta emergente. Agora sinto que a porta foi aberta e tenho mais histórias para contar".

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