Uma partida de futebol que resultou na atrofia de três dedos. Uma pancada durante um assalto que culminou no rompimento da ligação entre seu cérebro e sua mão direita. Um tumor na mão esquerda. Esses são só alguns dos percalços que quase separaram o maestro - originalmente pianista - João Carlos Martins de sua grande paixão pela música.

Começando a estudar piano com cerca de cinco anos, Martins na casa dos vinte já era um dos pianistas mais aclamados do mundo, tendo se apresentado no Carnegie Hall, em Nova York, e inaugurado o Glenn Gould Memorial, em Toronto.

Vendo-se impossibilitado de tocar piano aos 63 anos, começou a estudar regência. Hoje, aos 77, o maestro já realizou mais de 1.500 concertos e criou a Orquestra Bachiana Filarmônica, que ensina música para jovens carentes da periferia de São Paulo.

Agora, sua história virou filme.

Com direção de Mauro Lima ("Meu Nome Não É Johnny" e "Tim Maia"), o filme "João, o Maestro" estreia 17 de agosto em território nacional.

Lima, no entanto, ressalta que a obra foge do estilo biográfico clássico, mostrando apenas um recorte específico em relação à vida musical do maestro que já foi empresário de shows, trabalhou no mercado financeiro, foi secretário da cultura e processado por crimes contra a ordem tributária no escândalo político nos anos 1990 conhecido como caso "Pau Brasil".

O diretor explica que a passagem de Martins pela política havia sido abordada, mas que no primeiro corte do filme o tema havia virado um "alienígena narrativo longo e desnecessário", por isso optara por não focar em nenhuma das outras atividades do maestro.

"O recorte do filme compreende a relação dele com a música e, mais ainda, o piano", diz.

O longa, que tem Alexandre Nero, Rodrigo Pandolfo e o menino prodígio de Praia Grande Davi Campolongo interpretando Martins em diferentes idades, vai abrir também a programação do Festival de Cinema de Gramado, que vai de 17 a 26 de agosto.