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    Revistas de moda e SPFW dão mais espaço para negras, aponta colunista

    ALEXANDRA LORAS

    24/09/2017 02h00

    Vinicius Patrial
    Ilustração de Vinicius Patrial para a coluna da Alexandra Loras da Serafina de setembro de 2017.
    Ilustração de Vinicius Patrial para a coluna da Alexandra Loras da Serafina de setembro de 2017.

    A vida das modelos negras nunca foi fácil. Se para as meninas brancas conquistar um espaço no concorrido mercado da moda mundial é preciso trabalhar duro, imagine para as negras. E quando elas fazem sucesso ganham logo um aposto do tipo, "a primeira modelo negra a ser capa da revista X" ou "a primeira negra abrir o desfile da grife | em Paris", como se fosse um grande feito. E é mesmo.

    Elas são exceções em um mercado dominado pela beleza branca. No Brasil, muitas vezes despontam primeiro no exterior para depois serem reconhecidas aqui. Caso da top do momento, a mineira Ellen Rosa, de apenas 17 anos, que estreou no ano passado nas passarelas internacionais desfilando para Marc Jacobs, Fendi e Prada.

    Em minhas pesquisas sobre a presença dos negros na moda brasileira me chamou atenção que até bem pouco tempo atrás a participação deles nos desfiles era tão pequena que, em 2009, uma promotora do Ministério Público causou polêmica ao propor cotas raciais para as passarelas da São Paulo Fashion Week e do extinto Fashion Rio. Durante dois anos vigorou um acordo entre o MP e a empresa responsável pelos dois eventos de que 10% das modelos de cada desfile precisariam ser necessariamente negras ou de descendência indígena. Caso as marcas não cumprissem o acordo a empresa pagaria multa de R$ 250 mil.

    Ainda que de forma arbitrária esse acordo ajudou a abrir os olhos do mercado e foi um passo importante para impulsionar o discurso por inclusão e diversidade tão forte atualmente. A última edição da São Paulo Fashion Week foi uma das mais coloridas dos últimos tempos, embora as grifes ainda invistam pouco na diversidade de seus castings.

    O rapper Emicida desfilou pela terceira vez sua marca LAB, trazendo a maioria de seus modelos negros, além de plus size, portadores de necessidades especiais e idosos, assim como Ronaldo Fraga.

    Ver modelos negras ganhando cada vez mais espaço é um alento. Só em junho, as revistas "Elle", "L'Officiel" e "Vogue" brasileiras estamparam negras em suas capas -sem falar que, das últimas sete capas da "Vogue", quatro também foram com modelos negras.

    Muita gente pode achar essas páginas algo superficial e que a militância não deveria estar ligada a assuntos aparentemente fúteis. Mas o empoderamento e a autoestima dos negros estão diretamente associados à sua presença em todas as áreas, seja na moda, na cultura, nos negócios, na política ou na economia.

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