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    Faltam horas no dia de cardiologista das três maiores UTI do país

    CHICO FELITTI
    DE SÃO PAULO

    15/03/2018 02h00

    A cardiologista de 40 anos chefia três das maiores UTIs do Brasil com ajuda de dois celulares iPhone X que não param de vibrar durante seu dia, que começa às 6h e tende a terminar depois da meia-noite. "É que nem coração, não para."

    Ludhmila Abrahão Hajjar trabalha sete dias por semana, só tira um dia ou outro de folga quando viaja para congressos médicos e afirma que constituir uma família não está nos seus planos.

    Com 15 anos de carreira, a médica ganhou destaque com uma tese de doutorado que mudou o protocolo de cirurgias cardíacas. Ela constatou que usar 30% menos de sangue transplantado no procedimento melhora o prognóstico do paciente. A revista Jama (Journal of American Medical Association), uma das principais publicações científicas do mundo, publicou a descoberta.

    "Eu só queria que o dia tivesse mais horas, para poder pesquisar mais", diz, com o sotaque de Goiás, onde nasceu.

    Marcus Leoni
    Ludhmila Abrahão Hajjar, chefe de três UTIs das maiores UTIs do Brasil
    Ludhmila Abrahão Hajjar, chefe de três UTIs das maiores UTIs do Brasil

    6h Ludhmila acorda, após quatro ou cinco horas de sono. A última mensagem no celular é das 2h

    6h30 Sai a pé do seu apartamento, nos Jardins, e anda até o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, onde é diretora clínica, chefe da UTI cirúrgica e coordenadora da pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

    7h Passa visita na UTI, com uma equipe de sete médicos e residentes. Antes de avaliar cada caso, que conhece pelo nome, olha para a paciente e pergunta: "A senhora tá bem?"

    9h30 Faz uma reunião com outros professores da pós-graduação, no subsolo do Incor

    10h30 Enquanto espera reunião, orienta dois orientandos e liga para um político de cargo federal: "O senhor tinha se comprometido a conseguir a liberação do equipamento, o hospital está contando com ela"

    10h47 Faz uma reunião com Roberto Kalil Filho, diretor da Divisão de Cardiologia Clínica do InCor e com dois professores, para resolver uma pendência da pós-graduação

    11h Pega um táxi para o hospital Sírio-Libanês, onde chefia a UTI cardiológica. Lida com o celular no caminho: "E a creatinina dela, está como?", pergunta em mensagem de áudio

    11h20 Passa visita na UTI do Sírio

    13h30 Come na sala de descanso dos médicos, enquanto faz ligações. "Eu nunca digo 'alô' nem 'tchau', não dá tempo."

    14h30 Na saída, vê a fotógrafa da Folha fumando e a interpela: "Você precisa parar com isso. É sério". Pega um táxi para o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), onde vai aplicar uma prova para a pós-graduação e passar visita na UTI, de 84 leitos. E depois voltar para o Incor

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