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    Novo diretor da Microsoft pode salvar reputação da empresa, dizem analistas

    GLENN CHAPMAN
    DA AFP, EM SAN FRANCISCO

    05/02/2014 20h06

    Satya Nadella, nomeado na terça-feira (4) como diretor-geral de Microsoft após 22 anos em diversas áreas da empresa, tem um grande desafio pela frente segundo os analistas: renovar a confiança do mundo neste histórico gigante da tecnologia.

    O engenheiro de origem indiana de 46 anos, especializado em serviços de computação na nuvem ("cloud computing"), tem as habilidades e os recursos necessários para fazê-lo, afirmaram especialistas à AFP.

    "O primeiro passo para tirar uma empresa do buraco é fazer com que as pessoas acreditem", explicou o analista do Vale do Silício, Rob Enderle, para quem Nadella tem como desafio "reparar a imagem da Microsoft".

    Divulgação/Microsoft/Reuters
    Bill Gates (esq.), Satya Nadella e Steve Ballmer, o 1º, o 3º e atual e o 2º presidentes-executivos da Microsoft
    Bill Gates (esq.), Satya Nadella e Steve Ballmer, o 1º, o 3º e o 2º presidentes-executivos da Microsoft

    "As pessoas têm que ver a companhia como uma estrela em ascensão e não como uma empresa herdada que já passou da moda", opinou.

    A Microsoft construiu seu império graças a softwares como o sistema operacional Windows e o pacote Office, comercializados em forma de licenças para os fabricantes de computadores ou em pacotes para instalar nos computadores pessoais ou de escritório.

    Contudo, os PCs sofrem agora a concorrência dos smartphones e tablets, onde dominam a Apple e o Android, o sistema operacional do Google usado por vários fabricantes como a Samsung.

    Os computadores também têm que enfrentar uma nova onda que já está chegando ao mercado, a da tecnologia "para vestir", como os óculos conectados à internet do Google.

    Apple e Android conseguiram se posicionar no mercado graças a "ecossistemas" amigáveis aos usuários de serviços e conteúdos digitais adaptados aos dispositivos móveis.

    As tentativas da Microsoft de adentrar no mundo dos smartphones e dos tablets não foram de todo bem-sucedidas, embora a empresa tenha lançado aparelhos que os analistas avaliaram de forma positiva, e os equipado com softwares sofisticados.

    A Microsoft renovou especialmente seu sistema Windows para adaptá-lo às telas de toque, mas as vendas da nova versão foram decepcionantes.

    Em uma conferência pela Internet, Nadella –que estudou engenharia na Índia e depois informática e administração de empresas nos Estados Unidos– anunciou que se propõe a focar na inovação em áreas onde a Microsoft tem forças únicas que não podem ser replicadas por suas rivais.

    APOSTA NAS EMPRESAS?

    A escolha de Nadella como diretor geral parece indicar que o conselho da Microsoft vê o futuro da empresa na computação na nuvem e nos serviços para as empresas, duas áreas onde este executivo tem grande experiência.

    Além de promover o uso de seus populares programas "na nuvem", a Microsoft poderia oferecer outros serviços às empresas, por exemplo, no âmbito da segurança da informação.

    Na conferência pela internet, Nadella mencionou a possibilidade de trabalhar com as empresas para ajudá-las a manter seus sistemas seguros, no contexto de um uso cada vez maior dos smartphones e tablets tanto no trabalho como nas casas.

    O analista Tim Bajarin, da Creative Strategies, que acompanha o desenvolvimento da Microsoft por mais de três décadas, propôs, em uma publicação em "techpinions.com", seu plano para uma melhora da empresa.

    Bajarin acredita que o melhor é dividi-la em três partes: uma dedicada a empresas e serviços "na nuvem", outra ligada aos dispositivos móveis e uma terceira para entretenimento e jogos para os consoles Xbox, o único verdadeiro sucesso da Microsoft em termos de equipamentos.

    Criando divisões específicas, a empresa teria mais possibilidades de competir contra a Apple, Google e Samsung, segundo Bajarin. "Se não fizerem algo drástico neste sentido, todo o negócio da Microsoft continuará caindo", disse.

    Outro desafio que Nadella enfrenta é evitar que as receitas caiam durante a inevitável transição da venda de software, sua fonte histórica de lucros, a assinaturas dos serviços na nuvem.

    "Há só uma coisa que podem ter, e é liderar", disse o analista Merv Adrian. "Há uma impressão de que têm ficado para trás" e o desafio de Nadella é "reverter isso na percepção e na ação".

    Em sua primeira conversa com os funionários da empresa após ser nomeado, Nadella não hesitou em parafrasear Oscar Wilde para mostrar sua visão sobre o futuro da Microsoft: "Precisamos acreditar no impossível e remover o improvável".

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