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    Refrigeração de computadores por líquidos economiza energia

    ERIC PFANNER
    DO "NEW YORK TIMES"

    11/03/2014 03h30

    Derrubar um computador doméstico em um barril com líquido o tornaria inútil. Mas alguns operadores de supercomputadores estão mergulhando essas máquinas para impedir seu superaquecimento, sem causar qualquer dano aparente.

    Os defensores da técnica dizem que o resfriamento por submersão pode resolver um dos maiores desafios da economia digital: reduzir as contas de ar-condicionado e os danos ambientais causados pelos servidores e supercomputadores famintos de energia, que mastigam montanhas cada vez maiores de dados.

    Um protótipo de supercomputador no Instituto de Tecnologia de Tóquio, que está submerso em um tanque de óleo mineral, foi citado em uma classificação do setor, a Green500, como a máquina mais eficiente do gênero em consumo de energia. O computador, chamado Tsubame KFC, é 50% mais potente que um supercomputador mais antigo de lá, mas usa a mesma quantidade de energia.

    "A administração da universidade disse: 'Vocês não vão receber mais energia'", disse Satoshi Matsuoka, o líder do projeto. "Mas nós ainda queríamos mais desempenho."

    Jeremie Souteyrat/The New York Times
    Satoshi Matsuoka com um protótipo de supercomputador que é resfriado por submersão em um tanque de óleo mineral
    Satoshi Matsuoka com um protótipo de supercomputador que é resfriado por submersão em um tanque de óleo mineral

    O Japão busca reduzir seu consumo de eletricidade desde março de 2011, quando um terremoto e um tsunami causaram uma fusão na usina de Fukushima Daiichi. Desde então, o país fechou outras instalações nucleares, cortando acentuadamente sua capacidade de geração de eletricidade.

    O uso de líquidos para resfriar supercomputadores e servidores potentes não é limitado ao Japão. A tecnologia usada pelo instituto em Tóquio foi desenvolvida por uma empresa de Austin, no Texas, chamada Green Revolution Cooling.

    A Iceotope, start-up sediada em Sheffield, na Inglaterra, mergulha os computadores em fluoroplástico líquido, em vez de óleo. Em Hong Kong, a Allied Control, empresa que desenha sistemas de resfriamento, usou a tecnologia de submersão em um centro de dados recém-inaugurado.

    Diferentemente da água, o óleo mineral e os fluoroplásticos líquidos não conduzem eletricidade. Portanto, segundo especialistas, não há risco de curtos-circuitos no equipamento.

    Peter Hopton, executivo-chefe da Iceotope, disse que os centros de dados que usam ar-condicionado poderiam cortar suas contas de energia e custos de infraestrutura pela metade usando o resfriamento submerso. "Estamos falando em uma economia de milhões."

    Alguns supercomputadores consomem dezenas de milhões de dólares em energia anualmente, enquanto os maiores centros de dados corporativos têm contas de eletricidade de centenas de milhões de dólares, grande parte dos quais pelo ar-condicionado.

    A água é amplamente usada como refrigerador, mas em geral é canalizada entre as instalações ou as máquinas.

    PODER DOS FLUIDOS

    O fabricante americano de supercomputadores Cray usou o resfriamento por submersão em uma de suas máquinas nos anos 1980. Mas o método não foi muito usado, em parte por causa da preocupação sobre os altos custos e o efeito nocivo para a camada de ozônio dos refrigeradores daquela época.

    A Iceotope e o sistema de Hong Kong usam novos fluidos, incluindo um da 3M chamado Novec 1230. A empresa diz que o produto não afeta o ozônio e que ele foi excluído da lista de compostos orgânicos voláteis emitida pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

    Hopton disse que o Novec fornece maior poder refrigerante que o óleo mineral.

    Mas Christiaan Best, executivo-chefe da Green Revolution, disse que o óleo mineral é quase tão eficaz e consideravelmente menos caro. O Novec 1230, que é mais comumente usado em equipamentos de extinção de incêndios sofisticados, custa cerca de sete vezes mais que o óleo mineral, disse ele.

    Para testar a viabilidade de seu novo sistema, o instituto de Tóquio ergueu um pequeno edifício para abrigar o Tsubame KFC diante de um laboratório maior que contém um supercomputador que produz calor. Isso dará aos estudiosos uma oportunidade de determinar se o Tsubame KFC pode funcionar mesmo que o óleo se aqueça a altas temperaturas. Eles acham que isso é possível, pois os semicondutores modernos podem operar em temperaturas mais elevadas, disse o professor Matsuoka.

    Apenas pequenas modificações foram necessárias para permitir que o Tsubame KFC fosse submerso, disse ele. Partes móveis como discos rígidos e ventoinhas tiveram de ser removidas, por exemplo.

    O método de resfriamento por óleo mineral da Green Revolution foi usado em diversos centros de dados, incluindo instalações operadas pelo Departamento da Defesa dos Estados Unidos.

    A Intel realizou um estudo do sistema e descobriu que seus servidores não sofreram efeitos adversos e o consumo de energia foi reduzido acentuadamente.

    Best disse que, até agora, as instituições acadêmicas que operam supercomputadores se inclinaram mais a experimentar a tecnologia do que as corporações em seus centros de dados.

    "Você pode imaginar", disse ele, "se chegarmos lá e dissermos: 'Por que vocês não pegam seu centro de dados e o colocam no óleo?', é preciso ter algo muito sólido para mostrar".

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