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    Apps que prometem anonimato fazem sucesso, mas levantam questões éticas

    ALEXANDRE ARAGÃO
    DE SÃO PAULO

    07/04/2014 03h01

    Weberson Santiago/Editoria de Arte/Folhapress

    Ei, leitor, chegue aqui mais perto. Vou contar um segredo. Aplicativos para confissões anônimas são sucesso nos EUA e estão chegando ao Brasil. Junto, a polêmica sobre ética e responsabilidade em relação a conteúdo.

    Apesar disso, investidores e jovens programadores do Vale do Silício não se desanimam com o fato e continuam a fundar e a financiar aplicativos do gênero.

    Para ficar apenas nos mais famosos, surgiram e amealharam milhares de usuários Whisper, Secret e Yik Yak, cada qual com padrões únicos, mas tendo o anonimato de quem posta no centro de seu uso. O princípio é simples: é possível ver o que foi postado, mas é impossível saber a identidade de quem postou.

    Nessa toada, o dinheiro seguiu a tendência. Em duas rodadas de investimento, o Whisper reuniu US$ 54 milhões de fundos especializados em start-ups.

    MAS ISSO É ÉTICO?

    Essa é a pergunta que alguns dos investidores de tecnologia têm feito em relação a esse tipo de aplicativo. Tudo porque o anonimato dos usuários gerou problemas como a prática de bullying e a disseminação de boatos.

    Marc Andreessen, criador do browser Netscape e sócio de um dos maiores fundos de investimento de start-ups, começou a discussão pública no Twitter. "Investidores fazem escolhas todos os dias", escreveu. "Muitas empresas que dariam retorno financeiro não recebem investimento porque não são éticas, morais ou [juridicamente] legais."

    Um bom contraponto foi feito por David Byttow, ex-funcionário do Google e cofundador do Secret. Em texto publicado no site Medium, Byttow opinou: "Foram compartilhados [pelo Secret] pensamentos honestos, tocantes, hilários e, ao contrário das nossas expectativas, raramente inapropriados".

    Há exemplos que sustentam ambos os argumentos. Antes de a atriz Gwyneth Paltrow anunciar sua separação do cantor Chris Martin, a fofoca foi publicada no Secret, num uso questionável da plataforma. Mas, quando um usuário parece ter tendências suicidas, costuma receber respostas de apoio à vida.

    JÁ DEU ERRADO ANTES

    Foi em 2011, quando o projeto de arte PostSecret lançou um app. A ideia inicial, que funciona até hoje, é simples. Por meio de um site (postse
    cret.com), os curadores publicam as melhores confissões anônimas, recebidas fisicamente por via postal.

    O conceito do aplicativo era o mesmo, com a diferença essencial de que não havia mediação. E então passaram a postar pornografia e ameaças -até mesmo contra o criador do projeto. O FBI abriu investigação, mas os responsáveis acharam inviável curar todo o conteúdo. Três meses após ser lançado, o aplicativo foi retirado do ar.

    Filipe Rocha/Editoria de Arte/Folhapress

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