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    Variação do dólar e impostos fazem games custarem até R$ 250 no Brasil

    ALEXANDRE ORRICO
    DE SÃO PAULO

    14/04/2014 03h31

    Sandro Castelli/Editoria de Arte/Folhapress

    Não vai ter Copa. Ao menos não no PlayStation 3 do estudante Pedro Rosa, 14. O motivo é o preço que a etiqueta do game "Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014" ostenta: salgados R$ 200.

    "Titanfall", até agora o principal destaque do Xbox One, console da Microsoft lançado no fim de 2013, custa a bagatela de R$ 250 -indício de um futuro dispendioso para os jogadores da nova geração de videogames.
    "Não há bolso que aguente, principalmente o de quem depende dos pais ainda para comprar. Como vou explicar que um game custa esse dinheirão?", diz o estudante.

    Parte da explicação está na alta do dólar. A moeda norte-americana se valorizou quase 40% nos últimos dois anos frente ao real, o que fez com que os jogos pulassem de R$ 170 para R$ 200 e agora, em alguns casos, para R$ 250.

    "Não tem jeito. Dólar mais caro puxa o preço [dos jogos] para cima. O desenvolvimento, parte dos custos de distribuição e transporte, tudo é cotado em dólar", diz Bertrand Chaverot, representante na América Latina da produtora de games francesa Ubisoft. "Nós temos uma visão de investir no mercado brasileiro e tentamos ao máximo absorver o custo", completa o executivo.

    A variação cambial das últimas semanas, que mostrou uma pequena recuperação do real, foi o motivo citado pela Electronic Arts para reduzir o preço do game da Copa do Mundo, que chegou a ser anunciado por R$ 250.

    Os impostos brasileiros também são um ponto determinante. A carga tributária sobre os jogos e consoles de videogames supera a casa dos 70% no país.

    Estão entre os impostos ICMS (Imposto sobre Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Em caso de produtos importados, também há o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

    Armas de fogo, no Brasil, tem quase a mesma tributação do que videogames. Assim como casaco de pele e cachaça -a ordem segue um índice subjetivo de "importância" do item. Quanto "menos importante", maiores as taxas aplicadas.

    A prensagem local de jogos (assim como a produção nacional de consoles) são saídas que podem ajudar a baixar ou pelo menos segurar o aumento dos preços.

    Lá fora, embora poucos países sejam tão taxados quanto o Brasil, as empresas tentam novos modelos de negócio para vencer a saturação do mercado e recuperar o interesse dos consumidores.

    A japonesa Konami lançou há duas semanas o "Metal Gear Solid 5: Ground Zeroes", o mais recente título da série de espionagem.

    "Ground Zeroes" é bem curto e funciona como um capítulo de série; o custo também é mais barato: R$ 90.

    Outra alternativa é o financiamento colaborativo de projetos, que pode dar mais liberdade criativa para os desenvolvedores e flexibilizar os custos finais.

    Filipe Rocha/Editoria de Arte/Folhapress
    Arte sobre o financiamento do coletivo do jogo Star Citizen.
    Arte sobre o financiamento do coletivo do jogo Star Citizen.

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