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    Documentos revelam bastidores da briga judicial entre Apple e Samsung

    BRUNO ROMANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/05/2014 02h00

    No dia 1º de abril, Apple e Samsung voltaram para mais uma batalha nos tribunais em relação a patentes, dois anos após o julgamento que resultou em multa de US$ 1 bilhão à asiática (e que, posteriormente, foi reduzida a US$ 290 milhões).

    Desta vez, a Apple pedia cerca de US$ 2 bilhões pelo uso de tecnologia proprietária em dez aparelhos da Samsung. A sul-coreana argumentava que foi a Apple quem violara patentes em nove de seus dispositivos.

    Na sexta-feira passada (3), a decisão judicial determinou em US$ 119,6 milhões a nova indenização da fabricante dos Galaxy à rival. A Apple, por sua vez, terá de indenizar em US$ 158 mil a Samsung por infringir uma patente sua.

    Com o julgamento chegando ao final, alguns dos segredos mais bem guardados das duas gigantes foram revelados em documentos oficiais. De ambos os lados, a rivalidade fica clara. Veja as principais revelações:

    SAMSUNG PERCEBEU QUE O IPHONE ENGOLIRIA O MERCADO

    Um slide interno de 2008 mostra a percepção da Samsung em relação ao iPhone, então na sua segunda geração. "O iPhone 3G está redefinindo a dinâmica do mercado" é o título do documento. Ele continua: "Enquanto os fabricantes tradicionais estão lutando pelo segmento de 'feature phone', a Apple está o tornando obsoleto".

    APPLE FICOU COM INVEJA DE PROPAGANDAS DA SAMSUNG

    Em janeiro de 2013, a Apple ficou abalada por uma campanha da Samsung que fazia piada com pessoas que fazem longas filas para comprar o iPhone.

    No dia 25, Phil Schiller, responsável pelo marketing da Apple, mandou um e-mail para seus colegas com uma elogiosa reportagem do "Wall Street Journal" aos anúncios. Junto uma mensagem: "Temos muito trabalho a fazer". No dia seguinte, ele deu uma bronca na agência de publicidade da Apple.

    STEVE JOBS CLAMOU POR "GUERRA SANTA" CONTRA O GOOGLE

    A raiva de Steve Jobs pelo Google é conhecida. Em um e-mail de 2010 a seus funcionários mais próximos, ele voltou a demonstrar o sentimento. Ao planejar o ano de 2011, ele clamou por uma "guerra santa" contra o rival.

    E completou: "Temos que competir com eles de todas as formas". No mesmo e-mail, Jobs também constatou que o Google estava mais avançado na tecnologia de serviços na nuvem.

    TELEFONES DE TELA GRANDE ASSUSTAM A APPLE

    Em abril de 2013, Phil Schiller, responsável pelo marketing da Apple, falou em um documento interno sobre as novas preferências dos consumidores: telefones de tela grande e dispositivos baratos.

    Ele explica que 91 milhões de aparelhos com telas acima de quatro polegadas foram vendidos —além de 159 milhões de celulares abaixo de US$ 300. Na última página, crava: "Os consumidores querem aquilo que não temos".

    SAMSUNG VIU MORTE DE STEVE JOBS COMO "HORA DO ATAQUE"

    Dois dias depois da morte de Steve Jobs, Michael Pennington, vice-diretor de vendas da divisão móvel da Samsung nos EUA, escreveu um e-mail a outros dois executivos da empresa: "[A morte] de Steve Jobs é a nossa melhor oportunidade para atacar o iPhone".

    Pennington estava insatisfeito com a repercussão que a morte do fundador da Apple estava tendo sobre o aparelho da concorrente. Segundo ele, o iPhone ganhou a imagem de produto superior, criado por um "passional, incansável e perfeccionista". Para o executivo da Samsung, atacar seria a melhor defesa.

    SAMSUNG FICOU OBCECADA PELA APPLE

    No final de 2011, a gigante coreana fazia planos para o ano seguinte. Nas primeiras linhas do relatório aparece o principal objetivo: "Superar a Apple é a prioridade número um (tudo precisa ser feito no contexto de superar a Apple)".

    O documento segue: "A ameaça da Apple é urgente e real (mais de 12,5 milhões de unidades [de iPhone] vendidas no quarto trimestre)".

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