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    Universidade mineira cria app para combater atropelamento de animais

    DA EFE, NO RIO

    13/05/2014 16h27

    Um aplicativo gratuito para smartphones pode se transformar no principal aliado do Brasil para reduzir as mortes de animais silvestres atropelados nas estradas, calculadas em cerca de 450 milhões ao ano.

    O programa lançado no mês passado permite a qualquer pessoa enviar a foto de um animal atropelado que, automaticamente, se somará a dados como o lugar (GPS), a data e a hora em que a imagem foi feita.

    Trata-se do "Urubu Mobile" (disponível para Android), que em um mês foi baixado por mil pessoas e cujos responsáveis, conforme explicaram à Efe, esperam que se popularize não só entre biólogos, guardas florestais, fiscais ambientais e policiais rodoviários, mas também entre motoristas de caminhões e ônibus.

    A intenção é criar um banco de dados unificado sobre os atropelamentos de animais selvagens no país, e reunir informações que possam servir como base a políticas ou medidas para tentar reduzir este tipo de acidentes.

    Reprodução

    "Queremos identificar com precisão quantos e quais espécies são atropeladas por quilômetro e por dia no país", explicou Alex Bager, professor da UFLA (Ecologia na Universidade Federal de Lavras - MG), e um dos principais especialistas brasileiros da chamada "Ecologia de Estradas".

    Segundo Bager, que coordena um grupo de pesquisadores de cinco universidades dedicado a estudar o assunto, além de oferecer informações confiáveis sobre o atropelamento de animais, o aplicativo permitirá criar um "selo de qualidade" para certificar as estradas mais seguras para a fauna e determinar em quais vias é necessário adotar medidas preventivas.

    "Queremos ajudar na conservação da fauna selvagem e só conseguiremos propor ações efetivas para reduzir os atropelamentos se tivermos informações concretas", acrescentou ele, para quem o programa permitirá desenhar mapas das regiões e espécies mais atingidas.

    De acordo com o coordenador, após a identificação dos trechos mais perigosos para os animais, é possível sugerir a instalação de túneis, redes de proteção, passarelas ou até cordas que possam ser usadas pelos animais que vivem nas árvores.

    O projeto, financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, também permitirá criar uma metodologia única e confiável para contabilizar e validar as mortes de animais nas estradas.

    Os pesquisadores calculam, a partir de estudos com mostras limitadas, que 450 milhões de animais morrem atropelados por ano. Em seu primeiro estudo sobre o tema, em 2002, Bager calculou em 100 mil as mortes anuais de animais em um trecho de estrada de 150 quilômetros, com uma taxa de 2,1 animais por quilômetro por dia.

    Em 2010, a partir das pesquisas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) de diferentes ecossistemas e de análise de especialistas de países como os Estados Unidos e a Austrália, o pesquisador da UFLA calculou em 265 o número de animais mortos anualmente por quilômetro de estrada no Brasil.

    Levando em consideração que a malha viária do Brasil chega a 1,7 milhão de quilômetros, os especialistas concluíram que, a cada ano, morrem atropelados 450 milhões de animais. Destes, 400 milhões são pequenos vertebrados e três milhões grandes vertebrados.

    As principais vítimas são antas, capivaras, tartarugas, gambás, gatos selvagens, cachorro-do-mato e tamanduás.

    O "Urubu Mobile" também permitirá, com a ajuda de 300 pesquisadores vinculados ao CBEE, identificar as espécies mais atingidas.

    "Cada foto será analisada por cinco especialistas e a identificação da espécie será incluída no banco de dados quando, pelo menos, três deles concordarem", afirmou.

    O aplicativo também pretende apoiar os administradores de reservas ambientais cortadas por estradas para que adotem medidas de proteção mais eficazes.

    Uma das maiores preocupações dos responsáveis pela tecnologia, atualmente, é um projeto de lei discutido no Congresso que flexibiliza as normas sobre construção de estradas em reservas ambientais.

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