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    Projetos usam celulares doados em áreas carentes e contra desmatamento

    YURI GONZAGA
    DE SÃO PAULO

    07/07/2014 02h00

    "Ter carro do ano" é uma expressão que pode muito bem ser substituída, nos dias atuais, por "ter o último iPhone". Segundo pesquisa do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), realizada em parceria com a empresa Market Analysis, 81% dos brasileiros trocam de celular em menos de três anos, gerando um sem-número de aparelhos funcionais e abandonados.

    Segundo um analista da consultoria especializada em tecnologia IDC, contudo, a taxa indicada pelo estudo é conservadora. "Seguimos a média dos EUA, com donos de smartphone trocando de aparelho entre 18 meses e 20 meses", diz Reinaldo Sakis, gerente da área de produtos de consumo na empresa.

    Celulares convencionais ficam obsoletos ainda mais rapidamente. "No 13º mês de um aparelho simples, ele já é extremamente velho, e o consumidor é forçado a trocar."

    Para aproveitar smartphones antigos, a organização americana Rainforest Connection usa os dispositivos que recebe por doação como sensores acústicos para detectar derrubada de árvores em florestas tropicais.

    Em entrevista por e-mail à Folha, o fundador da ONG, Topher White, disse que trará a iniciativa à Amazônia brasileira ainda neste ano –até agora, o projeto está só na ilha de Sumatra (Indonésia).

    A Rainforest Connection "turbina" os celulares com recarga solar e proteção contra impactos e umidade. Por meio de um aplicativo, se o microfone detecta especificamente som de motosserras, o celular envia um SMS à guarda florestal, que pode intervir.

    O grupo está angariando verba para a expansão para o Brasil e para a bacia do rio Congo, na África (veja como doar dinheiro ou um celular em bit.ly/florestatropical ).

    Rainforest Connection

    "Poderíamos encomendar equipamento específico, mas a verdade é que celulares são extremamente eficientes e capazes, e podemos obtê-los de graça", diz White. "Simultaneamente, reduzimos o descarte de eletrônicos."

    "Se os telefones não estiverem quebrados (ou mesmo se estiverem) e puderem servir para algo, não há razão para jogá-los fora."

    Além de doar ou vender, há diversas outras aplicações para um celular antigo total ou parcialmente em funcionamento, como torná-lo uma câmera de segurança ou rastrear por GPS um membro da família, por exemplo (veja sugestões ).

    MEDICINA 'MOBILE'

    Outro projeto que se vale de celulares doados é o Medic Mobile, que usa mensagens de texto para auxiliar profissionais de saúde ou líderes comunitários de áreas pobres para situações de emergência.

    O Brasil não está na lista dos 21 países (e 2 milhões de pacientes) atendidos, mas será um dos próximos a receber apoio do Medic Mobile, que usa para distribuir as mensagens o software de código aberto FrontlineSMS.

    "Sabemos que há populações isoladas no país e que essas pessoas quase não têm acesso ao sistema de saúde", diz Amanda Yembrick, gerente da ONG para a América Latina. "Estamos identificando parceiros para lançarmos nossos programas aí, em especial o de saúde materna."

    A ONG aceita até doação de celulares quebrados (hopephones.org ).

    Rainforest Connection

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