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    Mojang aposta na versatilidade da Lego para avançar em games

    RICHARD MILNE
    DO "FINANCIAL TIMES"

    29/07/2014 02h00

    Divulgação
    Paisagem construída no "Minecraft"; alguns jogadores levam meses para completar projetos complexos
    Paisagem construída no "Minecraft"; alguns jogadores levam meses para completar projetos complexos

    O "Minecraft", uma espécie de versão digital do Lego na qual os participantes usam blocos para construir um mundo virtual, ajudou a companhia sueca Mojang a faturar 2,1 bilhões de coroas suecas em 2013 (cerca de R$ 638 milhões de reais, 38% acima do resultado do ano anterior).

    Desde que foi criado, cinco anos atrás, o "Minecraft" se tornou um fenômeno da tecnologia e um jogos mais vendidos da história.

    Até o final de junho, tinha vendido cerca de 54 milhões de cópias –número que não para de crescer.

    O sucesso de "Minecraft" é ainda mais notável por causa daquilo que o jogo não oferece: seu padrão gráfico é simplório e chapado, os personagens são poucos e a trama é igualmente escassa.

    Em lugar disso, ele permite que os participantes construam qualquer forma de mundo virtual que desejem: entre as criações, há reproduções de cidades inteiras, de cenários de filmes, de ônibus espaciais e até mesmo uma réplica da Dinamarca.

    A abordagem de negócios da Mojang também é diferente. Ela não aceitou investimentos externos, rejeitando abordagens de empresas de capital para empreendimentos e outros potenciais investidores, como Sean Parker, fundador do Napster e acionista do Facebook.

    O "Minecraft" se tornou um imenso sucesso em smartphones e tablets apesar de ter rejeitado o modelo de oferta gratuita com algum conteúdo pago –conhecido como "freemium"– de joguinhos como "Candy Crush Saga" e "Clash of Clans".

    A empresa tem Carl Manneh como presidente, em lugar de seus cofundadores, Markus Persson, o criador do "Minecraft", conhecido como "Notch", e Jakob Porser.

    Persson e Porser queriam se concentrar na criação de jogos e por isso procuraram Manneh, ex-chefe de Persson em uma startup sueca, para comandar a empresa e desenvolver seus negócios.

    "Muitos desenvolvedores independentes de jogos tentam fazer tudo sozinhos –desenvolvem os jogos, cuidam do marketing, presidem a companhia, e todas essas funções basicamente roubam tempo daquilo para o que eles têm verdadeiro talento", diz Manneh.

    Algumas companhias de jogos desfrutam de grande sucesso e tentam aproveitar esse sucesso ao máximo em termos financeiros –como a Rovio, da Finlândia, que licenciou a marca "Angry Birds" para coisas como refrigerantes e varas de pesca.

    A Mojang adotou uma abordagem mais discreta. Sua parceria mais notória talvez seja a mais evidente: com a Lego. O "Minecraft" é visto por quase todos como o jogo que a fabricante dinamarquesa de brinquedos deveria ter criado em sua tentativa de conquistar o mundo digital, mas seu produto, o Lego Universe, fracassou.

    Em lugar disso, a fabricante de brinquedos, uma empresa de capital fechado, agora está colaborando com a start-up sueca em um segundo lote de conjuntos de "Minecraft", que deve ser lançado em alguns meses. Em uma reviravolta notável, os executivos da Mojang acreditam até que a pequena companhia recém-chegada ao mercado possa reconduzir as crianças ao espírito original da Lego.

    SUCESSOR

    A pressão sobre Persson para que crie um novo produto à altura do "Minecraft" é grande. Em 2012, ele anunciou planos para lançar um jogo chamado "0x10c", mas logo abandonou a ideia.

    Em lugar disso, seu primeiro jogo pós-"Minecraft" foi o descartável "Cliffhorse", que foi desativado em algumas horas, de acordo com os tuítes de Manneh.

    Manneh não parece perturbado com a falta de sucessores para "Minecraft", explicando que o jogo continua a crescer e a ser melhorado. "De certa forma, o sucessor do 'Minecraft' é um 'Minecraft' melhorado, e isso é o melhor sobre ele –está sempre evoluindo", disse.

    FÃS

    O tamanho da Mojang a diferencia de outras companhias de jogos bem-sucedidas -a empresa sueca tem só 37 funcionários, muito abaixo dos 800 da Rovio e dos 3.000 que a Zynga empregava no pico.

    A Mojang também recruta pessoal daquilo que Manneh define como sua comunidade: os fãs que modificam o jogo.

    Os dois criadores do Bukkit, um sistema extraoficial para modificar o "Minecraft", foram contratados pela companhia, e suas modificações foram incorporadas ao produto.

    Lydia Winters, "diretora de diversão" da Mojang, costumava produzir vídeos populares sobre o "Minecraft" para o YouTube.

    Manneh diz que a comunidade é mais poderosa do que os atrativos do dinheiro oferecido em propostas mais comerciais.

    "Nosso ativo mais valioso é o relacionamento com a nossa comunidade. Tudo que fazemos em termos de parcerias comerciais se refere à comunidade, e não aos retornos financeiros. "

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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