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    Contra espionagem, Rússia solicita código-fonte de software da Apple

    MARIA KISELYOVA
    DA REUTERS, EM MOSCOU

    30/07/2014 13h37

    A Rússia propôs que a Apple e a SAP (empresa alemã de software) concedam ao governo o acesso ao código-fonte de seus programas para assegurar que seus produtos, amplamente utilizados, não estejam sendo utilizado para espionagem por instituições governamentais.

    A sugestão para que duas das principais companhias tecnológicas do mundo exponham alguns de seus maiores segredos empresariais vem após as sanções impostas por EUA e Europa à Rússia pelo papel do país euro-asiático na crise ucraniana.

    Na terça (29), os EUA estabeleceram uma nova rodada de sanções, que atinge três bancos russos, incluindo o segundo maior entre eles, o VTB.

    A União Europeia chegou por meio de acordo na terça-feira a sua primeira sanção econômica, marcando uma nova fase no maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde a Guerra Fria.

    A proposta russa, segundo um comunicado no fim da terça (30) do ministro das Comunicações daquele país, Nikolai Nikiforov, foi comunicada na semana passada aos executivos que respondem, na Rússia, pela Apple e pela SAP, Peter Engrob Nielsen e Vyacheslav Orekhov, respectivamente.

    A solicitação, segundo o governo, foi pensada para garantir os direitos dos consumidores e dos usuários corporativos sobre seus dados pessoais, assim como para a segurança do Estado russo.

    Sob a justificativa de proteger a privacidade, qualquer movimento da Rússia para forçar essas companhias a divulgar o funcionamento interno de seu software poderia significar uma grande ameaça à sua viabilidade econômica, caso o código-fonte seja difundido.

    "As revelações de Edward Snowden em 2013 e os posicionamentos públicos de agências de inteligência dos EUA que pregavam o fortalecimento da vigilância sobre a Rússia em 2014 levantaram sério questionamento sobre a confiança em software e hardware estrangeiro", disse Nikiforov.

    JOIAS DA COROA

    A Rússia não está sozinha em demandar das empresas de tecnologia transparência sobre suas práticas de privacidade.

    Governos que vão da Alemanha ao Brasil, passando por China e Índia e dezenas de outros países estão revisando as práticas tecnológicas considerando as revelações sobre a NSA –apesar de a maior parte ficar longe de solicitar códigos-fontes.

    O código-fonte de um computador é o conjunto de instruções computacionais que acionam qualquer programa. Ele representa as "joias da coroa" para qualquer fabricante de software, e a maior parte das empresas com fins lucrativos zelosamente resguardam código como preciosos segredos.

    "Obviamente, companhias que expuserem seu código-fontes não estão escondendo qualquer coisa, mas aquelas que não se comprometerem a colaborar com a Rússia nesta questão podem ter capacidades não declaradas em seus produtos", disse o ministro.

    A cooperação de mais de uma década da Microsoft foi citada pelo ministério. A companhia americana vem compartilhando o código-fonte do sistema Windows e de outros produtos desde 2003 com a Atlas, agência tecnológica que é um braço do Ministério das Comunicações russo.

    Apple e SAP se negaram a comentar imediatamente o caso.

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