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    Análise: Alibaba domina a China, mas tem olhos no mundo

    MAE ANDERSON
    DA ASSOCIATED PRESS, EM NOVA YORK

    18/09/2014 14h31

    A Amazon e o eBay devem ficar espertos.

    Enquanto a força do comércio eletrônico Alibaba se prepara para o que pode ser o maior IPO (oferta pública inicial de ações) na Bolsa NYSE, discretamente dá dicas sobre planos de expansão nos EUA.

    A companhia detém cerca de 80% de todo o comércio virtual na China, e o fundador e presidente do conselho Jack Ma tem ambições de ir além das fronteiras do país.

    Nesta semana, na visita a Hong Kong da turnê da Alibaba para encontrar investidores, Jack Ma surpreendeu um grupo de repórteres, que estavam aguardando no lobby do hotel Ritz-Carlton em Kowloon, com sua mais clara indicação de visão de crescimento.

    "Falando de Alibaba, esperamos que nos tornemos uma companhia global, então, depois de entrar na Bolsa nos EUA, vamos nos expandir fortemente na Europa e na América", disse. "Ao mesmo tempo, não abandonaremos a Ásia, porque, afinal, não somos uma empresa da China, mas uma de internet que vem a estar na China."

    Investidores em potencial estão atraídos pelo acelerado crescimento da Alibaba. Seu faturamento saltou 46%, para US$ 2,54 bilhões, durante o trimestre que terminou em Junho. E nos três meses logo antes, o incremento havia sido de 39%, o mais lento em seis anos. O imenso interesse de investidores poderiam fazer com que o IPO levantasse mais de US$ 24 bilhões, tornando-se o maior já realizado.

    A fórmula de sucesso da Alibaba na China é relativamente simples: oferece serviços a vendedores e compradores que são parte de uma ascendente classe média e serve grandes cidades tanto quanto regiões remotas, onde pessoas não têm acesso a lojas de varejo físicas.

    A companhia opera duas plataformas de e-commerce na China: Tmall e Taobao. Também tem seu primeiro site, o alibaba.com, de venda em atacado que funciona como o eBay ao prover um "ecossistema" on-line para que terceiros vendam, em vez de vender por si mesmo. O grosso do faturamento vem de serviços de marketing virtual, comissões em transações e taxas por serviços de internet.

    Enquanto os detalhes da expansão nos EUA da Alibaba não estão claros, seus investimentos nos EUA dão algumas pistas. Em março, investiu US$ 217 milhões no app de mensagens Tango, abocanhando 20% de participação na empresa. No mesmo mês, comprou 39% da plataforma de vendas on-line ShopRunner por US$ 202 milhões. Em Abril, a Alibaba uniu-se a diversas companhias e grupos de investimentos ao depositar um montante de US$ 250 milhões no serviço de compartilhamento de carros Lyft.

    Em julho, a Alibaba conseguiu por US$ 120 milhões uma participação de 10% na desenvolvedora de games Kabam. Além disso, a empresa fez diversos outros investimentos, menores, em start-ups americanas nos últimos anos.

    Enquanto isso, a Alibaba lançou o 11main.com, uma loja on-line para conectar consumidores americanos a donos de boutiques e outras lojas especializadas, em junho.

    Apesar de a Alibaba focar-se primariamente na participação dentro da China, a analista da Forrester Kelland Willis acredita que "eles obviamente têm um olho nos EUA, [e os investimentos são] uma maneira para talvez ver como está o clima do mercado por aqui."

    Willis disse que muitos dos movimentos estratégicos da Alibaba pareciam ter como intuito conseguir dados de consumidores para melhor ajustar seus produtos de comércio eletrônico.

    Para a Amazon e o eBay, que comandam cerca de 20% e 10% do e-commerce nos EUA, respectivamente, a ameaça está longe de ser imediata. Se a Alibaba planeja escalonar nacionalmente sua expansão nos EUA, levará um tempo até que a empresa se torne um ator estabelecido.

    MERCADO MADURO

    "Salvo uma aquisição gigante, levaria anos para que qualquer negócio, ainda mais a Alibaba, chegasse nos EUA e competisse com Amazon e eBay hoje", disse Willis. "É um mercado bastante maduro, e não é fácil competir em mercados maduros, porque o crescimento é pequeno e os hábitos de compra estão definidos."

    Ainda assim, muitos dos especialistas acreditam que a invasão dos EUA pela Alibaba é uma conclusão que pode ser lida nas entrelinhas.

    "Eventualmente uma grande empresa como essa não vai se limitar a apenas mercados emergentes", disse Reena Aggarwal, professor de finanças na Georgetown University. "Tenderia a achar que eles têm metas globais bastante ambiciosas."

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