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    BlackBerry no Brasil minimiza perdas após integrar Android e iOS, diz executivo

    YURI GONZAGA
    DE SÃO PAULO

    23/10/2014 02h37

    A canadense BlackBerry, que passa por uma reestruturação global desde o ano passado e busca cada vez mais se focar em serviços para o setor corporativo, conseguiu "praticamente" estancar o prejuízo que vivia em 2013, segundo o diretor-geral da companhia no Brasil, João Stricker.

    "Passamos de uma situação muito difícil para praticamente 'break even' em um ano", disse em entrevista por telefone à Folha. "Houve crescimento significativo no segmento corporativo, onde a gente se concentrou mais."

    O executivo anunciou a chegada do recém-lançado smartphone Passport ao Brasil no primeiro trimestre do ano que vem por meio dos clientes corporativos e de algumas operadoras –Stricker não detalhou quais.

    No fim de setembro, a empresa divulgou prejuízo menor que o esperado por analistas, em seu mais recente balanço, referente ao segundo trimestre.

    Um dos motores dessa mudança, segundo Stricker, foi a integração dos sistemas operacionais concorrentes Android e iOS em seus serviços empresariais de gerenciamento de dispositivo.

    O elogiado software Blend, foi enaltecido justamente permite que o usuário de aparelhos BlackBerry receba notificações de mensagens, responda e leia e-mails em computadores Mac, Windows e tablets com Android e iOS. Será lançado junto com o aparelho, no começo de 2015.

    "Tem gente que prefere ter o iPhone e seu mundo de aplicativos, mais amplo, ainda que com menos segurança. Outros preferem o BlackBerry, com teclado físico", afirma.

    Ele diz que "a empresa não garanta 100%" que aparelhos de outras marcas estejam seguros, mesmo que equipados com software da BlackBerry, daí a preferência de alguns consumidores comuns e corporativos (como Itaú e Odebrecht, segundo Stricker) pelos celulares fabricados pela companhia sediada em Waterloo, Ontario.

    A solução de gerenciamento de dispositivos móveis detém 40% de participação de mercado no Brasil, diz Stricker, em sintonia com a média mundial e um pouco abaixo de em demais países da América Latina.

    Para o próximo ano, o executivo tem perspectiva "muito positiva". "Implementaremos soluções que queremos há muito tempo –e que são trabalhosas– como a de mensagens BBM Protect, que permite o uso seguro de mensagens instantâneas, em uma solução mais prática para conversas formais que o e-mail."

    A companhia é a única detentora de um certificado FOC ("capacidade operativa completa", na sigla em inglês) do Departamento de Segurança do governo dos EUA para smartphones, desde março deste ano. A solução de segurança para dispositivos móveis Knox, da Samsung, também é aprovado por esse ministério, para "uso nas redes do Departamento".

    Por outro lado, foi acusada de ter permitido que a agência NSA tivesse acesso a informações de usuários de seus serviços, as quais mantinha "compactadas, mas não criptografadas", segundo reportagem do "Spiegel" publicada com base em documentos cedidos por Edward Snowden.

    Questionado sobre o tema, Stricker afirmou que a empresa protege de espionagem os dados dos clientes governamentais e corporativos.

    CORPORATIVO

    A decisão de retirar-se gradualmente do varejo e concentrar-se no empresarial é natural e leva de volta às origens a empresa, fundada como RIM (Research In Motion), considerada "pioneira" no segmento de smartphones, diz o executivo.

    Consumidores poderão, no ano que vem, comprar o Passport dependendo dos acordos que serão feitos com operadoras de celular –que subsidiam os celulares vendidos, daí a possibilidade de vender os aparelhos por meio desse canal, segundo Stricker.

    Também no primeiro trimestre a fabricante vai disponibilizar para os usuários a versão 10.3 do sistema BlackBerry OS.

    Em novembro do ano passado, quatro executivos-chave deixaram a companhia, incluindo o então presidente-executivo Thorsten Heins, após o naufrágio de uma negociação estimada em US$ 4,7 bilhões que fecharia o capital da fabricante pela maior detentora das ações, a Fairfax Capital.

    Nesta segunda-feira (20), a BlackBerry viu seus papéis serem valorizados após ser veiculada em um site de notícias o rumor de que a empresa seria comprada pela chinesa Lenovo.

    Sobre esse assunto, a assessoria de imprensa da empresa afirmou que Stricker "infelizmente não comenta especulação de mercado."

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