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    Bitcoin perde 86% de seu valor de pico e levanta dúvidas sobre sua viabilidade

    DE SÃO PAULO

    16/01/2015 07h30

    Durante as duas primeiras semanas do ano, a moeda virtual bitcoin desvalorizou-se 43%, chegando ao valor de US$ 177 (cerca de R$ 470) nesta quarta (14). Em relação ao seu preço de pico, de US$ 1.242 (R$ 3.300), o bitcoin perdeu cerca de 86% do valor.

    A desvalorização teve início no começo do ano passado e segue de maneira acentuada desde então. Nesta quinta-feira, a moeda se recuperou ligeiramente, e era comercializada por US$ 200 (R$ 530) no final do dia.

    Na semana passada, uma das principais empresas britânicas que comercializa bitcoins, a Bitstamp, disse ter perdido 19 mil moedas (cerca de R$ 11 milhões) depois de uma invasão de cibercriminosos.

    Ethan Miller - 9.jan.15/Getty Images/AFP
    Estande da Fundação Bitcoin durante a feira tecnológica CES de 2015, em Las Vegas
    Estande da Fundação Bitcoin durante a feira tecnológica CES de 2015, em Las Vegas

    Analistas apontam o colapso, em fevereiro do ano passado, da Bolsa japonesa Mt.Gox, uma das operadoras mais importantes da moeda virtual, como um dos principais motivos para esse quadro.

    A companhia entrou com pedido de falência após perder 850 mil bitcoins (US$ 400 milhões na cotação da época) em um alegado ataque hacker.

    O problema –ainda não esclarecido totalmente– fomentou a discussão sobre a regulação do mercado de bitcoins em vários países, aumentando a interferência do governo sobre o dinheiro digital em países como Japão e EUA.

    CÍRCULO VICIOSO

    Uma das características que costumam atrair usuários para o mundo do dinheiro digital é, justamente, a independência em relação às regulamentações legais das transações por dinheiro físico.

    Em sites da imprensa especializada, analistas dizem que o mercado de bitcoins encontra-se atualmente em um ciclo vicioso: com a frequente desvalorização da moeda, usuários se veem obrigados a vender suas bitcoins para recuperar os custos em dólares, o que causa um excesso de oferta e, consequentemente, o barateamento do dinheiro virtual.

    A desvalorização começa a atingir também a própria base de operação da moeda. Companhias mineradoras –as empresas com computadores que regem as operações dos usuários de bitcoins por meio de complexos algoritmos– encontram dificuldades para se manter funcionando.

    Uma dessas mineradoras, a CEX.io, fechou as portas temporariamente nesta segunda-feira (12). O alto investimento feito em equipamentos para rodar o sistema não tem se mostrado lucrativo.

    Para piorar o cenário, o conhecido uso de bitcoins como moeda para atividades criminais, como venda de drogas, na chamada "internet secreta", ajuda a derrubar a reputação do dinheiro digital.

    PREVISÕES

    Um dos responsáveis por supervisionar o funcionamento do bitcoin, Gavin Andresen, cientista-chefe da Fundação Bitcoin, desaconselha que leigos comprem a moeda.

    "É, na verdade, perigoso", disse ao "Financial Times". "Não use, a menos que você é letrado o suficiente em técnica para garantir que seu computador vai estar seguro."

    Por outro lado, Andresen acredita que, assim como aconteceu como a web, o bitcoin deixará de ser tão misterioso e volátil e amadurecerá como um negócio sustentável. Ele diz que mais de US$ 300 milhões foram investidos em start-ups relacionadas à moeda virtual só no ano passado.

    Isso também implica em melhorias infraestruturais: atualmente, diz ele, a rede de computadores em que é rodado o sistema bitcoin comporta sete transações por segundo –em comparação, a bandeira Visa de cartões de crédito é capaz de fazer 50 mil por segundo.

    Para Izabella Kaminska, jornalista do mesmo jornal econômico, a chance de o bitcoin vir a se tornar de massas –depois dos incidentes negativos citados– é "zero". "Não é uma questão de 'se', mas de 'quando' o público perderá completamente o interesse nesse experimento."

    O colunista do "Guardian" Matthew Sparkes, por outro lado, afirma que, "como moeda, o bitcoin pode estar morrendo, mas como tecnologia está florescendo."

    Para ele, a rede de computadores em que se baseia a moeda vai além da aplicação monetária e tem potencial para outros produtos, menos arriscados.

    "Imagine uma rede social livre de acionistas, propagandas ou invasão de privacidade, ou um sistema de votação impossível de ser manipulado", disse, em relação à criptografia da rede. "Ou mesmo uma internet completamente nova e fora do alcance dos governos que querem censurar, filtrar ou apagar informações."

    Folhainvest

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