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    Sem baixar imposto, Brasil estagnará tecnologicamente, diz Chris Anderson

    YURI GONZAGA
    DE SÃO PAULO

    04/02/2015 22h24

    Evilyn Guedes/Divulgação
    Chris Anderson durante sua fala no evento Campus Party, em São Paulo.
    Chris Anderson durante sua fala no evento Campus Party, em São Paulo.

    A tributação sobre equipamentos tecnológicos importados fará com que o Brasil fique para trás na atual fase da revolução digital, o chamado movimento "maker" –que tem como expoente a impressão 3D–, na visão do empresário e ex-editor da revista tecnológica "Wired", Chris Anderson.

    "O governo brasileiro tem de entender que vocês não são capazes de fazer tudo sozinhos", disse durante sua fala nesta quarta-feira (4) no evento Campus Party, em São Paulo.

    Anderson é cofundador e presidente-executivo da 3DRobotics, uma empresa que fabrica drones, aeronaves não tripuladas, nos EUA e no México, e disse que não consegue vender por aqui porque os preços de seus produtos seriam proibitivos. "A menos que fabricasse no Brasil."

    Para ele, máquinas como impressoras 3D, que permitem a construção de objetos modelados em computador, deveriam ter menos tributação. "Assim como vocês têm o direito de acessar a internet, têm de exigir o direito de acessar as ferramentas", disse o entusiasta do "faça você mesmo".

    "Com os tributos do jeito que são hoje, vocês não conseguem verdadeiramente competir com a China."

    Grande parte de sua palestra foi dedicada à rivalidade com a fabricação nesse país asiático, onde estão situados alguns dos principais concorrentes de sua companhia. A força do movimento "maker" na China tornou-se avassaladora, para ele, por causa dos baixos envolvidos na pesquisa e na produção locais.

    "A parte ruim disso é que temos de competir com os chineses. A parte boa é que nós podemos fazê-lo", disse, minimizando os problemas trabalhistas na China, país que diz ser vítima de uma campanha ideológica acerca do tema.

    "Fico maluco quando uma pessoa desvirtua da importância do movimento 'maker' ao falar que há trabalho escravo na China. Essas pessoas já foram para lá?", questionou, citando a experiência de ter visitado "centenas" de fábricas e morado no país comunista.

    "Pode ser que você não quisesse estar trabalhando sob aquelas condições, mas as pessoas estão ali e conseguem melhorar a vida de suas famílias assim."

    Anderson diz que está à caça de engenheiros brasileiros, categoria que elogiou. "São os melhores do mundo, muito criativos e árduos trabalhadores."

    Sobre o papel do governo em impulsionar o que acredita ser uma fase "ainda mais transformadora" da internet, ainda sobre o "maker" –movimento que dá nome ao seu último livro–, Anderson diz que escolas de ensino fundamental e médio deveriam oferecer laboratórios de design digital.

    "Bastaria uma impressora 3D. É tão simples e tão transformador."

    Durante a fala, o empresário enalteceu o papel das gigantes tecnológicas na viabilização da produção de software e de hardware em nível individual. "A alta demanda cria a escala necessária para tornar os componentes essenciais acessíveis ao público. São o que chamo de dividendos de paz da guerra dos smartphones."

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