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    EUA proíbem 'pistas' lentas e rápidas na conexão à internet

    DE SÃO PAULO

    26/02/2015 15h52

    Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
    Steve Wozniak, cofundador da Apple, comemora vitória da neutralidade de rede nos EUA
    Steve Wozniak, cofundador da Apple, comemora vitória da neutralidade de rede nos EUA

    A FCC (Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos) aprovou nesta quinta-feira (26) uma medida que proíbe companhias que oferecem conexão à internet de fazer "pistas" lentas ou rápidas de acesso a determinados sites mediante pagamento.

    A decisão, aprovada por 3 votos a 2 na agência, tem a intenção de garantir a chamada neutralidade da rede, que faz com que usuários sejam tratados de modo mais igualitário. A medida teve o apoio do governo americano e é questionada pela oposição –os republicanos dizem que a regra ultrapassa as atribuições da administração federal. É provável que o tema acabe nos tribunais.

    Pela regra, será ilegal para companhias como a Verizon ou a AT&T reduzirem a velocidade do streaming de vídeos ou de outros conteúdos em sua rede ou acelerar a conexão a portais que pagam por isso. Também fica proibido bloquear o acesso a sites. A norma também se aplica a operadoras de telefonia móvel, como a T-Mobile e a Sprint.

    Essas corporações argumentam que as regras ameaçam investimentos e a inovação no setor. "A internet é muito importante para que se permita que os provedores de banda larga façam as regras", afirmou Tom Wheeler, presidente do conselho da FCC. Ele é democrata e foi escolhido para o cargo pelo presidente do país, Barack Obama (o que faz com que a oposição diga que Wheeler atendeu ao chamado do presidente por regras mais duras sobre o assunto).

    Mandel Ngan/AFP
    Tom Wheeler, presidente do conselho da FCC, agência reguladora do mercado de comunicações nos EUA
    Tom Wheeler, presidente do conselho da agência reguladora do mercado de comunicações nos EUA

    "A internet deve ser rápida, justa e aberta. Essa é a mensagem que eu ouvi de consumidores e de inovadores neste país. Esse é o princípio que permitiu que a internet se tornasse uma plataforma sem precedentes para inovação e expressão humana", afirmou o chefe da FCC em artigo escrito na revista, no qual anunciava que iria propor essa regulamentação.

    A consulta sobre o assunto na FCC recebeu 4 milhões de contribuições, um recorde. Em novembro, Obama citou essa enorme participação em um vídeo postado na internet em que ele pedia que o FCC adotasse as "regras mais duras possíveis" a respeito da neutralidade da rede –o pedido é pouco usual, já que, segundo a lei, a FCC é uma agência independente.

    No Brasil, o Marco Civil da Internet, em vigor desde junho de 2014, passa por um processo de regulamentação aberto a consulta pública, para preencher as lacunas da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff.

    Segundo a advogada especialista em direito digital Gisele Arantes, muito da legislação ainda é vago. "Não temos regras claras e decisivas em relação a absolutamente nenhum tema tratado pela legislação", afirma.

    A neutralidade da rede é um dos pontos mais polêmicos da discussão, vistas as exceções que permitem a um provedor de rede discriminar ou degradar o tráfego da internet. Na legislação atual, tal medida só pode ser tomada para priorizar serviços de emergência e respeitar requisitos técnicos à prestação adequada de serviço de conexão.

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