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    Fotografar é quase tão importante quanto falar, diz chefe do Flickr

    ROBERTO DIAS
    ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

    04/03/2015 15h25

    A revolução digital mudou a alma de uma invenção do século 19: a fotografia. É o que veem executivos que trabalham com imagens em diferentes plataformas da internet.

    "A essência da fotografia está sendo alterada. Ela foi criada como um meio de capturar a memória. Agora usamos a fotografia como um meio de comunicação", afirma Bernardo Hernández, principal executivo do Flickr, plataforma onde são compartilhadas mais de 1 milhão de imagens por dia. "Aprender a tirar uma fotografia ficou quase tão importante quanto escrever ou falar."

    A concordar com ele está Dan Rubin, fundador da publicação "Photographic Journal". Ele exemplifica essa mudança apontando um dos aplicativos que mais ganharam popularidade nos últimos tempos: "No Snapchat, a comunicação está toda concentrada em imagem".

    Avener Prado/Folhapress
    Banhistas usam "pau de selfie", em Maresias, no litoral de São Paulo
    Banhistas usam "pau de selfie", em Maresias, no litoral de São Paulo

    Samuli Hanninen, especialista no assunto dentro da Microsoft, enxerga a mesma transição: "As imagens antes eram mais de registro. E começamos a ver que ela se tornou parte da comunicação".

    O que impulsionou isso, argumenta Hernández, do Flickr, é que a foto se tornou um meio de gratificação imediata. "É difícil conseguir brilhar no Twitter, mas é fácil tirar uma foto e fazer com que elas se destaque."

    ENTRAVES

    Mas há obstáculos pelo caminho da evolução da foto. Um deles é técnico.

    Como explica John van Derlofske, cientista da 3M, apesar de toda a evolução, as lentes dos celulares atuais ainda têm limites importantes, e alguns deles guardam relação com a capacidade da bateria, um dos mais aspectos em que a indústria mais tem dificuldade em evoluir.

    "Quando as pessoas tiram selfies, têm que fazer várias até conseguir a selfie certa. Esse é um exemplo em que o problema da qualidade não está resolvido", diz Hanninen, da Microsoft.

    Outros dos obstáculos diz respeito à privacidade –e não só em relação a outras pessoas e aos governos de cada país, mas também no uso das imagens por empresas de tecnologia.

    "Estamos acostumados com computadores entendendo textos. Mas computadores agora podem entender fotos", afirma Hernández, do Flickr. "Se veem algo marrom e verde em certa disposição, podem entender que aquilo é uma arvore."

    Da mesma forma, a tecnologia tem conseguido mudar a percepção das fotos. Uma tecnologia mostrada pela Intel no Mobile World Congress, em Barcelona, faz com que seja possível medir a distância entre objetos dentro de uma imagem.

    Nessa evolução, a fotografia leva uma vantagem sobre o vídeo. "As pessoas compartilham muito mais foto do que vídeo. Tem a ver com o esforço e tempo requeridos", diz Sokratis Papafloratos, da Toghetera, aplicativo de imagens.

    Para Hernández, do Flickr, a explosão da comunicação de imagens ainda está no começo. Ele afirma que volume de fotos enviadas será multiplicado dezenas de vezes nos próximos anos. "O maior fotógrafo da história ainda está por aparecer."

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