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    Android é tecnologia velha, diz chefe da Mozilla

    YURI GONZAGA
    ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

    13/03/2015 13h05

    Mitchell Baker é presidente do conselho de direção da Fundação Mozilla, que desenvolve o navegador Firefox, e também uma entusiasta –ao menos em discurso– do que faz o Google, empresa que descreve com os adjetivos "fenomenal", "ótima", "incrível".

    Sobre o sistema Android, contudo, suas palavras são menos carinhosas. "É uma tecnologia velha, ao menos para o mundo móvel [celulares e tablets]", disse em entrevista à Folha em Barcelona, na semana passada.

    "Há uma enorme camada inútil de software nele de que não precisamos, como se ficássemos carregando um monte de malas extras por causa do passado e que nos impede de andar", disse, ao ser questionada sobre o Firefox OS, sistema para portáteis lançado recentemente pela Mozilla para dispositivos móveis baratos.

    Angel Navarrete/Bloomberg
    Mitchell Baker, presidente do conselho da Fundação Mozilla, durante palestra no Mobile World Congress
    Mitchell Baker, presidente do conselho da Fundação Mozilla, durante palestra no Mobile World Congress

    "Ainda que celulares com Android estejam cada vez mais baratos, o sistema em si é focado nos topo de linha. Se eu tenho um celular acessível, provavelmente ele vai rodar uma versão antiga do sistema ou ser menos capaz", afirma.

    O Firefox OS, na sua opinião, é "lindo" e "elegante" nos baratinhos (o LG Fireweb, que usa o sistema, custa R$ 450 no Brasil; o Alcatel OneTouch, R$ 199), já que foi criado para eles. "Queremos que gente de todo tipo venha a usar o Firefox OS, mas estamos só no começo, focando os que compram o primeiro smartphone."

    Outros alvos são os desenvolvedores e os que dispensam funções avançadas de celulares, em nome de um aparelho que faz chamadas, envia mensagens, tira fotos e realiza outras tarefas consideradas "essenciais".

    ANTIMONOPÓLIO

    Além de expandir o acesso ao smartphone, Baker diz que uma das razões para a Mozilla ter criado o Firefox OS (assim como o navegador Firefox; OS é a sigla para "operating system") é diminuir o poder que têm as empresas que comandam o segmento.

    "À época [da criação do Firefox], essa empresa era a Microsoft [com o Windows e o Internet Explorer], mas o mesmo acontece agora com um minúsculo punhado de companhias, por mais que elas sejam incríveis", diz.

    Um relatório da IDC publicado no último dia 25 mostrou que Apple e Google detêm 96,3% do mercado de sistemas operacionais para smartphones.

    Por mais que o Android tenha código aberto, explica Baker, só uma parte dele fica disponível para que desenvolvedores possam modificá-lo livremente. Se usassem como base o Android, diz ela, "o Google controlaria o que fazemos [com o Firefox OS]. É algo diferente, e temos objetivos diferentes."

    E o usuário? "Como consumidor, não quero estar preso a certo aparelho ou aplicativo, à mercê da empresa que os criou. Num app, por exemplo, isso é restrito às atualizações do desenvolvedor, não posso fazer nada além do que ele construiu nem modificá-lo. É um modelo antigo de software."

    NEUTRALIDADE

    A Mozilla, queridinha de muitos ativistas pela liberdade de internet, é uma das empresas que mais se manifestaram a favor da neutralidade de rede, conceito prevê a isonomia no tratamento de dados que "venceu" no último dia 26 nos EUA ao ser tornado regra pela agência reguladora de telecomunicações, a FCC.

    "É importante para o consumidor, mas principalmente para o inovador que não está no centro", disse, citando o Vale do Silício como exemplo de núcleo propício para desenvolvedores.

    "Então, quero ter acesso ao app que você libere como desenvolvedor em São Paulo, assim como alguém na Venezuela ou seja lá onde for", diz.

    O jornalista YURI GONZAGA viajou a convite da Intel

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