Quando os créditos de "Ori and the Blind Forest" rolaram, aproximadamente nove horas depois do início, meu contador de mortes marcava 524.
Perder vidas nesse jogo de aventura recém-lançado para PC e Xbox One é tão comum que os criadores nos oferecem uma maneira de acompanhar e comparar essa estatística.
Isso porque a Moon Studios, produtora independente formada por desenvolvedores de várias partes do mundo, criou um título realmente desafiador, daqueles que nos obrigam a realizar ações extremamente calculadas para ter sucesso. Ao mesmo tempo, fez dele um dos games mais belos do ano até agora.
Ori and the Blind Forest é ambientado numa floresta cuja vida é mantida pela monumental Árvore do Espírito. Durante uma tempestade, uma criatura brilhante chamada Ori, parecida com um gato, se desprende da Árvore e viaja como uma folha ao vento até os pés de Naru, uma habitante da mata. Ela adota o monstrinho perdido recém-nascido, e os dois se tornam carne e unha.
Para tentar trazer seu filho de volta, a Árvore do Espírito emite um chamado luminoso por toda a floresta de Nibel certa noite. O plano não funciona, e então o ecossistema começa a morrer.
Os anos se passam, a água se torna insalubre, as árvores não dão mais frutos. Sem alimento, Naru sucumbe à fome, e Ori se encontra novamente perdido, sem família.
Mais à frente, ele conhece Sein, uma bolinha de luz que diz ser "os olhos e os ouvidos da Árvore do Espírito". Juntos, os dois saem numa jornada para trazer a vida de volta a Nibel.
LINDO E CRUEL
Além de desenvolver uma narrativa tocante capaz de amolecer os corações mais rígidos, "Ori and the Blind Forest" é visualmente surpreendente. Seus cenários pintados a mão têm detalhes impecáveis e de encher os olhos que lembram os de "Child of Light", lançado pela Ubisoft no ano passado.
O título da Moon Studios é inspirado em clássicos do gênero plataforma como "Metroid" e "Castlevania". Há muito o que explorar em Nibel, e Ori está sempre aprendendo novas habilidades (como planar, saltar mais alto ou quebrar superfícies rachadas) para chegar a lugares antes inalcançáveis.
Com o companheiro Sein, Ori pode invocar chamas espirituais para destruir alguns obstáculos e inimigos do caminho. Mas os monstros são a menor de suas preocupações. Corrompida, a floresta é o personagem que mais impõe riscos à vida de Ori, repleta de espinhos, lasers letais e armadilhas capazes de esmagá-lo como uma formiga.
Para tornar tudo mais cruel, há pouquíssimos pontos de salvamento automático no game. "Ori and the Blind Forest" põe o poder de criar checkpoints nas mãos do jogador, desde que ele tenha energia mágica suficiente para isso.
Difícil é se lembrar de fazê-lo com frequência, o que pode resultar em inúmeros ressuscitamentos frustrantes, distantes demais de onde Ori acabara de ser aniquilado. Mas a sensação de vitória quando tudo dá certo é indescritível.
*
'ORI AND THE BLIND FOREST'
DESENVOLVEDOR Moon Studios
LANÇAMENTO 11 de março de 2015
PLATAFORMAS PC (R$ 37) e Xbox One (R$ 39)
AVALIAÇÃO Excelente