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    Estúdios chamam famosos para dublar games e são alvo de abaixo-assinado

    ANDERSON LEONARDO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/04/2015 02h00

    "Eu vou equalizar sua cara." Parece o verso de uma música da cantora Pitty, mas, na verdade, é uma frase de efeito da personagem dublada por ela no novo game "Mortal Kombat X.

    O título, lançado neste mês, foi o primeiro da série adaptado completamente para o português. Entretanto, teve sua dublagem criticada por muitos jogadores, principalmente por causa da participação da roqueira.

    Em redes sociais, as críticas de internautas se concentravam na "falta de emoção" nas falas de Pitty, assim como na opção da Warner por uma personalidade sem experiência no trabalho.

    Uma petição no site da Avaaz, assinada por mais de 13 mil pessoas, solicita uma atualização do jogo com a redublagem de Cassie Cage, a personagem da cantora no jogo –é a primeira vez que o papel aparece na série.

    "É muito fácil achar que tenho toda a responsabilidade pelo resultado", disse ela durante o evento de lançamento do título. "Eles sabiam que eu não tinha experiência."

    O ator Sergio Moreno, que já dublou Pierce Brosnan no cinema, conta que o processo nos videogames é mais complexo do que nos filmes.

    Enquanto nas películas os dubladores vêem e ouvem a interpretação original, nos games não há referências: eles recebem apenas o roteiro original e as traduções e têm de criar em cima disso.

    Veja vídeo

    Ele afirma que chamar famosos para participar dos jogos faz parte de uma estratégia comercial. "É uma jogada de marketing arriscada que chama atenção, afinal todo mundo está falando do jogo, mas de maneira negativa."

    A Warner, distribuidora de "Mortal Kombat X", havia feito a mesma coisa no jogo de tiro "Battlefield Hardline", lançado duas semanas antes. O vocalista da banda Ultraje a Rigor, Roger Moreira, deu voz ao policial de Miami que é protagonista da obra. As críticas foram parecidas.

    À Folha, por e-mail, o cantor afirmou acreditar ter feito o trabalho "muito bem" e atribuiu parte da recepção negativa a ideologias políticas.

    "Havia gente me malhando antes de a dublagem sair. Criticavam por inveja ou porque eram de esquerda", disse o músico, notório crítico dos governos do PT.

    Procurada pela Folha, a Warner não quis se pronunciar sobre a repercussão de ambos os lançamentos.

    O mercado de dublagem de games tem crescido no Brasil. Grandes estúdios e distribuidoras, incluindo Warner, Ubisoft e Microsoft, destinam parte do orçamento para tornar os títulos mais acessíveis para o público e trazer uma experiência que vá além de textos traduzidos e legendas.

    Desde 2012, por exemplo, todos os games da famosa franquia de futebol "Fifa", da Electronic Arts, têm sido completamente adaptados para o português, com narração e comentários dos globais Tiago Leifert e Caio Ribeiro.

    O título de aventura "The Last of Us" chegou ao Brasil, em 2013, todo em português, assim como o de ação "Sunset Overdrive", de 2014.

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