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    Aplicativos tornam a relação entre paciente e médico mais tecnológica

    JENNIFER JOLLY
    DO "NEW YORK TIMES"

    07/05/2015 13h55

    Joyce Hesselberth/The New York Times
    Aplicativos criam uma consulta médica virtual ou levam médicos para a casa de pacientes nos EUA
    Aplicativos criam uma consulta médica virtual ou levam médicos para a casa de pacientes nos EUA

    O Heal é um aplicativo parecido com o serviço de caronas Uber, mas, ao invés de um carro, um médico aparece na porta do paciente.

    Os usuários só precisam baixar o aplicativo e dar algumas informações, como o endereço e o motivo para a visita. Depois de colocarem o número do cartão de crédito e um pedido para um clínico ou um pediatra, o profissional chega em um prazo de 20 a 60 minutos por uma taxa básica de 99 dólares.

    O Heal, que começou em Los Angeles em fevereiro, recentemente se expandiu para San Francisco e está programado para começar a funcionar em outras 15 cidades importantes este ano. Os médicos ficam de plantão das oito da manhã às oito da noite, sete dias por semana, avisa a doutora Renee Dua, fundadora e diretora médica do Heal.

    Os médicos do Heal atendem com um assistente e trazem um kit com os equipamentos de saúde mais modernos, incluindo ferramentas para checar os sinais vitais ou fazer um vídeo em alta definição do tímpano do paciente. O aplicativo tem uma lista de médicos afiliados a hospitais respeitados e a programas como o da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Columbia e Stanford.

    "Com a nova tecnologia, estamos trazendo técnicas antigas de volta", conta Renee.

    Logicamente, os médicos do Heal são capazes de oferecer apenas serviços limitados a um atendimento em casa. Entre outras coisas, podem diagnosticar e tratar problemas não muito sérios como bronquite, vacinar contra gripe, costurar um corte ou prescrever uma receita (eles até buscam o remédio por mais 19 dólares), mas você terá que preencher os papéis do seguro.

    Reprodução/Facebook
    O Heal está disponível também para o Apple Watch
    O Heal está disponível também para o Apple Watch

    "A saúde realmente começa em casa", afirmou a doutora Janani Krishnaswami quando estávamos sentadas na minha sala de jantar em Oakland, Califórnia, depois que eu a chamei usando o aplicativo em meu iPhone.

    "Ao visitar as pessoas onde moram, posso saber como é a vida delas, o que comem, como vivem, o que as está deixando estressadas. Posso passar o tempo que quiser com elas, o que é cada vez mais difícil de fazer com o nosso sistema de saúde."

    Um serviço parecido chamado Pager já funciona em Nova York. (O cofundador do Pager, Oscar Salazar, também fez parte do time que criou o Uber.) A primeira visita à casa do paciente custa 50 dólares. Consultas regulares saem por 200 dólares, e um exame físico por 100 dólares.

    O Go2Nurse manda uma enfermeira à casa da pessoa, em Chicago e Milwaukee, e inclui atendimentos domiciliares para grávidas, ajuda com recém-nascidos, cuidados com idosos e serviços especializados para pacientes com Alzheimer e Parkinson, entre outros. O Curbside Care oferece atendimento de enfermeiras e médicos em domicílio na região da Filadélfia.

    Para aqueles que querem uma consulta, mas não precisam de um médico ou enfermeira em casa, há uma grande quantidade de aplicativos que fazem atendimentos virtuais. A Associação Americana de Telemedicina estima que cerca de um milhão de pessoas consultaram um profissional de saúde por meio das câmeras dos computadores em 2015, e, na semana passada, o maior seguro de saúde do país, United HealthCare, anunciou planos que cobrem as consultas virtuais com os médicos.

    Um dos aplicativos mais populares é o Doctor on Demand, de Chicago, que tem como apoiadores o Google e a personalidade da TV Phil McGraw.

    O aplicativo, que oferece acesso a 1.400 médicos certificados, foi baixado alguns milhões de vezes desde o lançamento em 2013. Por 40 dólares, um médico ou pediatra faz a consulta com o paciente por vídeo. A empresa recentemente adicionou a seus serviços as visitas virtuais a psicólogos (50 dólares por 25 minutos; 95 por 50 minutos) e uma consulta de amamentação (40 a 70 dólares).

    "Existe um imenso problema de acesso aos cuidados primários nos Estados Unidos. A média de tempo de espera para uma consulta é de 20 dias. As pessoas realmente querem e precisam de algo mais rápido, e agora temos tecnologia dos dois lados para que isso aconteça", afirma Adam Jackson, fundador e executivo chefe do Doctor on Demand.

    Jackson conta que as consultas do Doctor on Demand diagnosticam e tratam 95 por cento das pessoas que usam o serviço; os outros cinco por centro são encaminhados a especialistas.

    O paciente típico é a mãe que trabalha e procura uma ajuda rápida para problemas comuns. "Eu decidi usar o serviço alguns meses atrás depois que minha filha foi parar na emergência por causa de um nariz quebrado (um cavalo assustado deu-lhe um coice no rosto). Quando chegamos em casa, eu precisava de mais conselhos, então marquei uma consulta de 15 minutos por vídeo com um pediatra que respondeu a todas as minhas perguntas e evitou que fizéssemos outra viagem até o hospital", disse uma mãe.

    Outros serviços de telemedicina disponíveis são o Teladoc, pioneiro na área, e MDLive, que se uniu ao Walgreens para consultas por vídeo e telefone. O American Well oferece consultas médicas online por 49 dólares. O aplicativo The Spruce é interessante porque oferece respostas por vídeo para problemas dermatológicos como mordidas de insetos e assaduras. O HealthTap responde às perguntas de saúde dos usuários em sua página da web e oferece conversas com um médico, por vídeo, por 99 dólares por mês.

    Alguns serviços de consultas médicas não são oferecidos no Alasca, Arkansas e Louisiana, onde as leis impõem várias restrições aos serviços de telemedicina. O Conselho Médico do Texas também votou por restringir a prática no Estado.

    Os críticos dos aplicativos de telemedicina avisam dos perigos de perder o toque humano com consultas virtuais e dizem que as pessoas também precisam ter certeza de que o médico que as atende é certificado pelo conselho e licenciado.

    Sobre serviços como o Heal, os críticos afirmam que as pessoas seriam muito melhor servidas se esses médicos altamente habilidosos e treinados usassem sua experiência para tratar tantos pacientes quanto pudessem em um dia, sem perder seu tempo precioso indo até a casa dos doentes.

    É importante lembrar que tudo isso não substitui as consultas de saúde tradicionais, especialmente com um médico que conhece o paciente há anos. No entanto, quando se trata de doenças e sintomas que não ameaçam a vida, essa nova geração de aplicativos de saúde pode economizar tempo e energia - o que já é muito bom se a pessoa não quer passar horas em uma sala de espera.

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