O Google anunciou nesta quinta (28) o Android M, nova versão de seu sistema para celulares e tablets. O software, que que está disponível para desenvolvedores cadastrados em versão de testes e será lançado "nos próximos meses", terá mudanças no assistente Now, o concorrente do Siri, do iPhone, da Apple.

A ferramenta será integrada a todo aplicativo do sistema –e lerá todo o conteúdo do aparelho, inclusive mensagens, a fim de "auxiliar" o usuário.

O Now On Tap, como a empresa intitulou a função, poderá ser usado por voz ou texto durante o uso de qualquer aplicativo, em vez de só na tela inicial ou em seu app dedicado.

Em um exemplo dado durante o anúncio, que está sendo realizado nesta tarde em San Francisco durante a conferência Google I/O, a executiva responsável pelo Now, Aparna Chennapragada, mostrou uma mensagem recebida de seu marido por meio app Viber.

	Robert Galbraith/Reuters
	Aparna Chennapragada, executiva do Google, durante apresentação

O texto mencionava o nome de um restaurante e o pedido, por ele, de buscar roupas na lavanderia. Segurando o botão principal do telefone, o Now trouxe opções de ver endereço, telefone, site e reservas via app para o estabelecimento em questão, além de oferecer a criação de uma notificação para a tarefa ("lembrar de buscar roupas").

Entre as principais novidades, estão um sistema de leitura de impressões digitais –que demanda um sensor específico, então deve aparecer nos aparelhos futuros– e o Android Pay, sistema de pagamentos móveis semelhante ao Apple Pay que será disponibilizado nos EUA.

Outro anúncio diz respeito ao suporte ao novo padrão de cabos USB, o chamado tipo C. Com essa nova porta, usada pelos últimos laptops da Apple, que foi criticada por suas falhas de segurança, smartphones podem ser usados como baterias, já que a eletricidade pode correr para os dois lados.

O USB tipo C suporta taxa de dados e corrente elétrica maiores, o que diminuiria tempos de carregamento e de envio de arquivos via cabo.

Entre as melhorias de desempenho, tablets com sistema Android terão o modo de "sono profundo", ativado após o sistema monitorar períodos de maior ou menor uso ao longo dos dias e desativando componentes que possam gastar bateria enquanto o aparelho não está sendo empregado. Isso chega a dobrar a duração que o tablet não precisa ser carregado, segundo a companhia.

O novo aplicativo Fotos, lançado hoje, será embutido no próximo Android, e também "bisbilhota" o conteúdo do usuário, categorizando o conteúdo por assunto (por exemplo, viagem), lugar (Rio de Janeiro) ou pessoa fotografada de maneira automática.

A versão de testes está disponível só para os aparelhos Nexus 5, Nexus 6, Nexus 9 e Nexus 10, dos quais o Google faz parte do desenvolvimento.

Na área da privacidade, aplicativos passarão a pedir permissão para usar diferentes capacidades (como câmera, microfone, acessar mensagens) de maneira individual e só no momento em que solicitá-las, não mais de uma só vez no momento do download, assim como faz a Apple.

Em um exemplo, o WhatsApp seria instalado e, ao que o usuário tentasse enviar um áudio, o aplicativo solicitaria o uso do microfone (no caso de uma fotografia, o da câmera ou o da galeria de fotos). Assim, o ato de baixar e de atualizar apps poderá ser sempre automático.

O sistema também oferecerá a opção de visualizar a que cada um dos aplicativos tem acesso e desativá-lo –por exemplo, se o usuário deseja bloquear o acesso a seus SMS pelo aplicativo Hangouts.

Outra novidade, anteriormente vazada, é o sistema operacional Brillo para internet das coisas, espécie de versão reduzida do Android para equipamentos como eletrodomésticos, termostatos, lâmpadas e até trancas de portas.

A internet das coisas, que está "no radar" das maiores empresas de internet, incluindo a Apple –que no ano passado apresentou o HomeKit, para fabricantes criarem dispositivos que se comunicassem com os telefones, tablets e computadores da marca– pode se tornar um segmento trilionário em dois anos, como aponta um estudo do IDC.

O sistema se comunicará por meio do protocolo Weave, desenvolvido pela empresa Nest (comprada pelo Google) e poderá ser rodado em aparelhos alimentados por baterias.

Para o analista do Gartner Mark Hung, "em sua versão atual", o Brillo é grande demais para aparelhos e sensores pequenos desse movimento. Além disso, "aparentemente ele carece de funções de operação em tempo real, requisito para a vertente industrial da internet das coisas."

Por outro lado, diz Hung, os anúncios do evento parecem "pôr o Google no caminho certo rumo a essa oportunidade de mercado, apesar de termos de esperar para ver quão bem a empresa lidará com a maturação do segmento."

O Google I/O é realizado entre esta quinta (28) e esta sexta (29) no centro de eventos Moscone, no centro da cidade californiana, e deve ter outros lançamentos relacionados ao software da empresa.

O repórter YURI GONZAGA viajou a convite do Google