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    Rede social conecta vizinhos para pequenas atividades do dia a dia

    DA AFP

    30/07/2015 16h25

    Reprodução
    Site Frag Nebenan (algo como: "pergunte ao seu vizinho", em português) conecta pessoas que moram até 750 m de distância
    Site Frag Nebenan ("Pergunte ao seu vizinho") conecta pessoas que moram até 750 m de distância

    Romana, Michael e Angelika não se conheciam até algumas horas atrás, mas, agora, esses vizinhos almoçam juntos em um parque de Viena graças à internet e à rede social "Pergunte ao seu Vizinho".

    O site Frag Nebenan, lançado em maio de 2014, conta com 400 novos membros a cada semana e já acumulou 12.500 usuários, quase 1% da população de Viena, capital da Áustria.

    Seu objetivo é colocar em contato, gratuitamente, pessoas que residam a, no máximo, 750 metros de distância uma das outras para uma pergunta pontual ou para atividades comuns.

    Em crescimento também na França (Ma Résidence ), na Alemanha (Wir Nachbarn ) e nos Estados Unidos (Next Door ), a iniciativa se apresenta como o oposto a "síndrome do Facebook".

    Assim, mais que colecionar centenas de "amigos" pelo mundo sem jamais chegar a conhecê-los, o site busca descobrir seus vizinhos, uma tarefa especialmente difícil em Viena.

    Aos seus 74 anos, Marianne Gramsl confessa ter optado pela nova plataforma, já que não aguentava mais lidar com os ânimos de uma de suas vizinhas.

    "Durante anos, cumprimentava-a sistematicamente cada vez que nos cruzávamos nas escadas, mas ela nunca me respondeu. A Frag Nebenan me pareceu uma boa maneira de encontrar aqueles vizinhos aos quais se tem vontade de dizer "olá", diz.

    CARTÃO-POSTAL

    Em uma capital de tamanho médio como Viena (1,7 milhões de habitantes), o isolamento urbano pode rondar tanto os jovens quanto os menos jovens, lembra Stefan Theissbacher, 33, fundador do site.

    "Meu sonho era transformar os bairros em comunidades", diz ele, que vem de um povoado "onde todo mundo se conhece."

    Ele teve a ideia da rede social ao perceber, depois de um ano de sua chegada a Viena, que nunca havia realmente falado com nenhum de seus vizinhos.

    "Não se trata de virar os melhores amigos do mundo, mas de saber que não está sozinho, que há uma possibilidade de ajuda mútua no bairro", diz Theissbacher.

    A inscrição na nova rede reflete essa vontade de boa convivência. Depois de preencher um formulário on-line, o futuro membro recebe em sua caixa de correio um cartão-postal manuscrito com o código para ativar a conta, que permite verificar seu endereço.

    O usuário pode, então, escolher o perímetro de seus encontros: seu prédio, quarteirão ou bairro, até um limite de 750 metros de distância.

    As restrições são claras: "Não aceitamos nenhuma publicidade, propaganda eleitoral, nem mensagens pouco amigáveis", destaca Theissbacher.

    APREENSÃO

    Se os almoços ou as noitadas jogando cartas já se converteram em clássicos, a maioria dos pedidos tratam de pequenos serviços do dia a dia: arranjar uma mão para mover um móvel, regar as plantas ou ajudar a terminar um bolo muito grande.

    Romana Caren Lakinger pode dessa maneira pintar sua cozinha sem gastar dinheiro, graças aos restos de tinta oferecidos por um vizinho.

    "Não tinha pensado em riscas amarelas antes de ter essa lata de tinta. Mas é exatamente disso que eu gosto: deixar a imaginação correr livre", diz.

    O site também permite se mobilizar por causas sociais, como ajudar quem precisa de asilo, ou a troca de serviços, como um corte de cabelo gratuito por aulas de espanhol.

    No entanto, quando chega o momento de realmente abrir a porta a um desconhecido uma certa apreensão invade alguns usuários.

    "Sempre há uma certa angústia quando convido alguém a entrar em minha casa", confessa Verena Sternbacher, uma jovem mãe de família.

    Susanne Eisler, uma aposentada de 62 anos, destaca a necessidade de uma "confiança" para deixar alguém cuidando de seus animais quando está viajando.

    A plataforma, completamente gratuita, funciona graças a subvenções e investimentos privados, antes da futura introdução de anunciantes locais pagos, explica Theissbacher, que procura desenvolver esse conceito no resto da Áustria e da Alemanha.

    No entanto, os usuários da rede social pertencem majoritariamente a ambientes "modernos" do centro da cidade, aponta a socióloga Ulrike Böhm. Em sua opinião, "a verdadeira questão é saber como podemos beneficiar as pessoas que realmente precisam de ajuda."

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