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    Recém-lançado, Windows 10 coleciona polêmicas sobre privacidade

    BRUNO ROMANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/08/2015 02h00

    Shannon Stapleton - 29.jul.15/Reuters
    Tela com o Windows 10 durante evento da Microsoft em Garden City, Nova York
    Tela com o Windows 10 durante evento da Microsoft em Garden City, Nova York

    Lançado há quase um mês, o Windows 10 já foi baixado por 50 milhões de pessoas. Mas na mesma proporção em que recebe elogios, o sistema já coleciona polêmicas sobre como preserva a privacidade de seus usuários –seria invasivo demais em comparação a seus antecessores.

    Entre elas estão: o compartilhamento de muitas informações com a Microsoft (e a comunicação não para nem com alterações nas configurações), a sincronização de senhas com servidores, o compartilhamento de wi-fi com contatos, a conexão direta entre computadores de desconhecidos e a fiscalização e desativação automática de jogos piratas –clique aqui para ver a solução para eles.

    Por padrão, o Windows 10 compartilha muitas informações do usuário com a Microsoft. O sistema cria uma identidade única do usuário para que anunciantes saibam exatamente os seus hábitos e preferências. E apps podem ter acesso a dados de navegação, localização, contatos e calendário.

    Isso já acontecia no Windows 8, mas para quem vem do Windows 7, a mudança é grande.

    Novidade mesmo, é o assistente de voz Cortana, que é um "espião" dentro do seu computador. Ainda não disponível no Brasil, o recurso é altamente integrado com o Bing, ferramenta de busca da Microsoft. Tudo o que o usuário diz ou digita para Cortana é enviado para a Microsoft.

    A empresa afirma que isso é feito para melhorar a ferramenta, mas alguns usuários relatam desconforto em saber a quantidade de informação a que Cortana tem acesso.

    Nos termos da Microsoft, a ferramenta pode coletar dados de localização, calendário, apps utilizados, e-mails e mensagens de texto e contatos, além de para quem você liga e o quanto interage quanto os contatos. Cortana também sabe sua navegação, histórico de compras, buscas no Bing e coisas aparentemente simples como se você deixa a tela bloqueada ou não.

    Não é nada também que concorrentes com serviços similares, como Apple e Google, não fazem, mas essa ofensiva sobre dados dos usuários é mais recente na Microsoft –e combina com a estratégia da empresa de transformar o Windows em um serviço.

    Ao integrar o Windows com a nuvem, a Microsoft criou alguns obstáculos para quem não deseja que suas informações sejam enviadas para servidores externos. Agora, por padrão, a conta do usuário fica sincronizada com os serviços da Microsoft. Em outras palavras, assim que você faz login na máquina, sua senha, por exemplo, passa por um servidor.

    Tudo isso, pode ser desativado, mas é cansativo. Apenas para configurar questões diretamente ligadas a privacidade, são 13 telas (ou abas) diferentes. O problema é quando nem isso funciona.

    COMUNICAÇÃO NÃO PARA

    Há 10 dias, o site "Ars Technica" fez testes e detectou que o Windows 10 continua a se comunicar com servidores da Microsoft mesmo quando serviços, como Cortana ou OneDrive estão desabilitados.

    Segundo a pesquisa, cada vez que a máquina interage com esses e outros recursos (como o botão Iniciar), o sistema envia para a Microsoft um número de identificação único, que pode ser conectado ao usuário.

    Sobre o assunto e outras polêmicas envolvendo privacidade, a Microsoft enviou nota para a reportagem, que diz:

    "O Windows 10 está sendo entregue como um serviço e, assim sendo, atualizações podem ocorrer para proporcionar novas funcionalidades continuamente ao sistema de buscas Bing, assim como novos layouts, estilos e códigos de busca. Nenhuma consulta ou dado de busca utilizado são enviados para a Microsoft, em consonância com as configurações de privacidade escolhidas pelo usuário. Isso também se aplica às buscas offline a itens como apps, arquivos e configurações no dispositivo. Para saber mais sobre a política de privacidade da empresa."

    Thomas Mukoya - 29.jul.15/Reuters
    Funcionário checa aplicativos em smartphone no lançamento do Windows 10 em Nairobi (Quênia)
    Funcionário checa aplicativos em smartphone no lançamento do Windows 10 em Nairobi (Quênia)

    A empresa não falou se é possível cortar esse tipo de comunicação. Nas configurações, não é possível fazer isso.

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    Outros novos recursos do Windows 10 não violam necessariamente a privacidade, mas promovem conexões entre usuários que nem sempre são desejadas.

    Uma das ferramentas compartilha automaticamente a senha do wi-fi com contatos, como por exemplo seus amigos do Facebook. Pode ser útil para não ter que repetir a senha sempre que uma visita chega em casa. Mas alguns usuários não se sentiram confortáveis.

    "Prevejo muitos wi-fi roubados", dizia o post de um usuário Twitter.

    Também rendeu polêmicas o novo sistema de atualização do sistema. Ele permite que computadores de duas pessoas desconhecidas se conectem diretamente para obter ou oferecer trechos dos arquivos de atualização do Windows 10. Isso pode acontecer sem que nenhuma das partes tenha conhecimento.

    Os recursos são parte de uma estratégia de usar o tempo com mais eficiência. Ambos estão ativados por padrão a partir da instalação e podem ser desativados também nas configurações.

    JOGOS PIRATAS

    Além das configurações, os termos de uso do Windows 10 garantem à Microsoft o direito de fiscalizar alguns aspectos do computador do usuário. Segundo o parágrafo 7B, o sistema poderá identificar e bloquear automaticamente programas pirateados, como jogos.

    Diz parte do texto: "Às vezes, você precisará de atualizações de software para continuar usando os Serviços. Podemos verificar automaticamente sua versão do software e baixar atualizações do software ou das alterações de configuração, incluindo aquelas que o impedem de acessar os Serviços, jogando jogos falsificados ou usar dispositivos periféricos de hardware não autorizados".

    A empresa já havia apertado cerco contra pirataria no Xbox, mas é a primeira vez que isso chega também ao Windows, o que deixou alguns gamers bravos.

    "O que adianta ter Windows 10 se não dá pra baixar jogo pirata???", dizia um post no Twitter.

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