O vencedor da segunda temporada do "MasterChef", reality show da Band, foi anunciado antes pelo Twitter, na madrugada da última quarta (16). Foram alguns segundos em que só quem estava conectado na internet sabia que Izabel havia superado Raul. Foi uma ação inédita no casamento entre a televisão e a rede social.

"É como se fosse um prêmio aos fiéis seguidores, que ajudaram a alavancar a audiência", opina Felipe Wasserman, professor da ESPM de comportamento do consumidor nas redes sociais, sobre esse anúncio, patrocinado pela Tim.

A final do reality show bateu recorde, com mais de 1,8 milhão de tuítes e 81 milhões de impressões (vezes em que tuítes relacionados ao programa foram visualizados na plataforma).

Segundo o ranking semanal do Ibope Twitter TV Ratings, que mede a repercussão do conteúdo televisivo no ambiente digital, o programa só não esteve na liderança na semana da estreia de Xuxa Meneghel na Record, no dia 17 de agosto. Nas outras, contudo, os números eram, em geral, o dobro do segundo colocado.

Masterchef é Programa mais comentado no twitter - Número de visualizações de tuítes sobre o programa, em milhões

O vínculo do internauta com os participantes é apontado por Felipe Wasserman como fundamental para o engajamento. "O programa conta uma historinha, é como se as pessoas fossem amigas da Jiang, do Raul, da Izabel. Esses programas mais humanos, ainda mais na área da gastronomia, que todo mundo tem uma história para contar, costumam ir muito bem. Até os jurados tinham personalidade e cativavam", afirma.

O resultado é audiência nas duas telas: do computador/smartphone e da televisão. Mas a consequência a longo prazo pode ser ainda mais benéfica para a emissora. "Mais importante que os números em si é o quanto as redes sociais têm a capacidade de aumentar a duração do programa, com memes ou com a discussão sobre o 'MasterChef Júnior' ou o destino da Jiang.

Em termos publicitários, é igualmente vantajoso, avalia Wasserman. "As marcas viram a audiência e vão disputar espaço no próximo programa. Isso vai encarecer o preço do espaço no comercial."

ESTRATÉGIAS

Segundo Diego Guebel, diretor geral de conteúdo da Band, o maior desafio da interatividade no caso do "MasterChef" é o fato de o programa gravado, e os telespectadores não decidirem o destino dos participantes. Assim, a torcida via Twitter era exibida na tela da TV. "Resolvemos dar importância ao máximo à opinião de quem está na frente da televisão. Eles queriam essa interação", afirma.

Com os bons números da primeira edição, no ano passado, a emissora resolveu ampliar a conexão entre as duas mídias para esta segunda temporada. Entre as medidas adotadas, está o "flock to unflock", que libera conteúdo exclusivo do programa na internet após determinado número de interações.

	Divulgação/Band
	Ana Paula Padrão no momento em que anuncia o vencedor do programa primeiro no Twitter

"Ninguém mais fica só na frente da televisão ou do computador. Trata-se do mesmo público, com diferentes hábitos. A missão é conseguir oferecer conteúdo em diferentes plataformas", diz Guebel.

Além disso, o "MasterChef", na final, contou com um estúdio dedicado a celebridades da internet, que estavam ali somente para comentar o programa na rede social. Nomes como Maurício Cid, do blog "Não Salvo", e Christian Figueiredo, do canal do YouTube "Eu Fico Loko", tinham a liberdade de publicar o que quisessem.

Os mais comentados - Número de tuítes de cada programa, em milhares

"No próximo bloco, você não vai acreditar o que vai acontecer!! Um oitavo bloco!!", publicou Cid, sobre a demora em revelar o ganhador. "Quase voando na Ana Paula Padrão para roubar o envelope", escreveu Christian Figueiredo.

Mas, se as redes sociais podem ajudar um programa, elas também podem rapidamente demonstrar o que não anda bem. Os internautas não gostaram muito da variação entre as cenas ao vivo e as gravadas. Bastava acessar qualquer rede social para ver essas críticas.