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    Criadores digitais

    Instantâneo ou em ultradefinição, vídeo on-line transpõe limite da web

    MATEUS LUIZ DE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    21/09/2015 11h18

    Mais da metade (53%) dos brasileiros conectados à internet assistem vídeos on-line frequentemente, de acordo com a pesquisa Mobile Report, da Nielsen Ibope, de julho deste ano. E, entre os mais jovens, esse costume é ainda mais intenso: 30% dos internautas de 18 a 24 anos veem mais de cinco vídeos por dia.

    Depois de dominar a internet, os vídeos produzidos para o mundo digital ultrapassaram os limites da rede, chegando à TV e, mais recentemente, o cinema.

    [ CONSUMO DE VÍDEOS NA INTERNET ] - Quantos vídeos as pessoas com acesso à internet veem por dia?

    No mês passado, por exemplo, a final da segunda etapa do Campeonato Brasileiro de "League of Legends", jogada por gamers na internet, foi transmitida ao vivo em satélite HD para 44 cinemas do Brasil, além de telões no Allianz Parque, em São Paulo, que reuniu 12 mil pessoas no estádio.

    Para Laudson Diniz, gerente executivo da Cinelive, empresa responsável pela transmissão, o objetivo de exibir a competição em grandes telas é dar ao público a sensação de estar mais presente na competição. "Se eu não posso estar pessoalmente, o que mais me aproxima da sensação? O cinema, sem dúvida. Isso vale inclusive para conteúdos vindos da internet", afirma.

    E a qualidade dos vídeos está melhorando para comportar a demanda crescente por esse formato. O YouTube possibilita desde o início do ano gravar vídeos em 360º, tecnologia que permite ao usuário ter uma experiência bem mais real.

    A Netflix já usa streaming com resolução 4k (resolução ultra alta) em seus catálogos. Essa resolução, quatro vezes superior ao HD, é a mesma da televisão e do cinema digital.

    Até mesmo smartphones estão gravando vídeos com essa tecnologia. A Sony revelou no início do mês o Xperia Z5 Premium, o primeiro celular do mundo com tela com essa capacidade. Osnovos iPhones da Apple também utilizam essa resolução.

    A projeção é de que as novidades não parem por aí. Na avaliação de Rodrigo Paolucci, um dos palestrantes do youPIX CON, que acontece semana que vem em São Paulo, a tendência é de que a realidade virtual, que permite que os usuários se sintam "dentro" da tela, participando da ação, seja muito mais presente no computador do que o 3D –os primeiros óculos com esse tipo de tecnologia, de fabricantes como Sony e Microsoft devem chegar ao mercado no ano que vem.

    "É uma tecnologia desenvolvida para ser consumida em escala, com muito apelo em games ou webséries", afirma.

    A evolução atinge também os players, que deixam de ser meramente um tocador de vídeo e se transformam em ferramenta de marketing, como a tecnologia Coletor de Leads, do player Quartz, recém-lançado pela Samba Tech. Ele capta informações como nome, e-mail e telefone do usuário que assiste ao vídeo.

    DOMINOU

    Toda essa evolução dos vídeos visa atender a um fenômeno que tomou conta da internet nos últimos anos: o predomínio do vídeo. Hoje para assistir a um não é preciso muito esforço.

    No Facebook já são 4 bilhões de visualizações por dia –muito em função, é verdade, do player automático. Mesmo número ostenta o aplicativo Snapchat, em que os vídeos desaparecem instantaneamente.

    Essa preferência dos mais novos pelos vídeos é reflexo de uma questão comportamental trazida pela tecnologia, na visão de José Calazans, analista de pesquisa de mídia e internet do Nielsen Ibope. "O jovem não consegue mais se concentrar na leitura de texto. O vídeo exerce uma atração maior. Na frente da tela, a perda de foco é um pouco menor."

    CONSUMO DE VÍDEOS ON-LINE É MAIOR ENTRE OS JOVENS -

    São diferentes formatos e diferentes plataformas. O Vine é uma plataforma de criação de vídeos de até seis segundos. No Instagram o limite é de 15 segundos. No Periscope acontecem transmissões ao vivo, e os arquivos ficam armazenados por até 24 horas.

    Para Daniela Bogoricin, estrategista de marca do Twitter -responsável por Vine e Periscope- isso só tende a aumentar. "A imagem que resume o futuro é a de uma pessoa com um celular na mão vendo um vídeo", afirma.

    Mesmo que seja durante uma novela ou um filme. "Melhor que assistir a 'Verdades Secretas' é ver os snaps do @HugoGloss. Cara, eu passo mal, é muito engraçado".

    Esse é um tuíte de Gabrielly Guaitolini, 20, que só acompanha a trama com os vídeos do Snapchat ao lado. O perfil de Hugo Gloss ganhou fama no aplicativo por comentar a atração televisiva de forma bem-humorada, brincando com as situações e os personagens. "Os comentários que ele faz em cada cena deixam a novela muito mais interessante", diz Gabrielly.

    PROFISSIONALIZAÇÃO

    Há 10 anos esse mundo dos vídeos praticamente não existia, e a internet se resumia a texto e imagem. Mas com o surgimento do YouTube ficou extremamente fácil para o criador de conteúdo inserir seu próprio material audiovisual. No início tudo era feito de forma amadora, e o material disponibilizado online era mais para mostrar à família e amigos.

    Alguns vídeos bombavam, como o da nutricionista Ruth Lemos e o "Sanduíche-Iche", mas eram de maneira pontual. Com a popularização das redes sociais, como Twitter e Facebook, em 2010, os sucessos se tornaram mais comum e a profissionalização entrou em cena.

    Atualmente o YouTube já fornece cursos e um espaço, chamado YouTube Space, visando à capacitação dos produtores de vídeos. Virar um youtuber e ganhar dinheiro com um canal na plataforma virou o sonho de muitos jovens, inspirado em webcelebridades como Kéfera, Christian Figueiredo, e PC Siqueira.

    É o caso de Gabriela Araújo, 23, que lançou recentemente um canal na plataforma. "Apesar de ser jovem, eu não tenho pique para trabalhar em uma empresa, sob pressão. A primeira vez que gravei um vídeo me encontrei. Quero ser profissional", diz.

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