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    teste folha

    Tradutor do Skype funciona, mas se atrapalha e até censura gírias

    BRUNO ROMANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    16/12/2015 12h10

    Desde a última quinta (10), o Skype é capaz de traduzir em tempo real conversas em português.

    As conversas podem ser traduzidas do português para outros seis idiomas (alemão, chinês mandarim, espanhol, francês, inglês e italiano), e falantes desses mesmos idiomas podem ser compreendidos em português. Ou quase isso.

    Testado pela Folha, o recurso comete trapalhadas básicas e exige certa adaptação no ritmo em que se fala. A primeira ação que a ferramenta toma ao detectar uma fala é convertê-la para texto, então traduzido para o outro idioma. As frases em texto traduzidas são exibidas quase que automaticamente ao interlocutor.

    Quando a ferramenta detecta que a frase foi encerrada (e o faz geralmente pelas pausas), o texto traduzido é então lido por uma voz automática. Aí está o problema.

    É instintivo, para o interlocutor, responder a aquilo que está lendo –sem necessariamente aguardar a voz automática–, o que gera atropelos. Quando o interlocutor começa a responder ao texto escrito, a voz automática também começa a falar.

    O resultado é uma confusão, e o jeito é pegar o ritmo. O interlocutor deve esperar você falar, a voz ser convertida para texto, o texto ser traduzido e a voz automática declamar o texto traduzido. E o ideal para que isso aconteça é usar frases curtas e pausadas –o que acaba com a fluidez do diálogo, que fica longe de um bate-papo entre pessoas que falam o mesmo idioma.

    Bom, ritmo acertado, o próximo passo é superar as dificuldades linguísticas. O tradutor do Skype compreende bem o que é falado –na maior parte das vezes–, mas é comum errar tempos verbais (quando o português é traduzido por inglês, por exemplo, e vice-versa).

    O interlocutor que testou a ferramenta com a reportagem, falante nativo de inglês, também teve dificuldades. Ao dizer "I'm in my bedroom" (estou no meu quarto), viu a frase ser traduzida por "Estou em Miami". Por alguma razão desconhecida, a palavra Miami surgiu mais algumas vezes durante a conversa, sem que nenhum dos dois mencionasse a cidade americana.

    Ao traduzir para o português "I have science class" (tenho aula de ciências), o tradutor mandou "tenho aula de planta e raíz". Risadas são inevitáveis.

    A tradução de expressões e gírias, como era de se esperar, também sofre. Ao verter para o inglês "perna-de-pau", a ferramenta traduziu palavra por palavra, literalmente. Mas considerou que "pau" fazia referência a certa parte da anatomia masculina, e não a um inocente pedaço de madeira. A palavra traduzida foi até censurada: o interlocutor leu e ouviu "leg of *" (asteriscos por conta do programa). E, claro, não houve nenhuma referência a futebol.

    Já a gíria americana (e típica da Califórnia) "hella" (algo como "para caramba"), virou um simples "olá" –talvez pela semelhança com "hello".

    Acrescente a fórmula de falas pausadas, vocabulário simples e livre de expressões e gírias. Feito tudo isso, o Translator do Skype tem potencial para ajudar.

    Por enquanto, porém, o sonho de a tecnologia derrubar o idioma como barreira de comunicação continua sendo um sonho. Mas, ao menos, já há um caminho para ser trilhado até lá.

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