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    Pesquisadores testam de chips 3D a moléculas de DNA para guardar dados

    BRUNO ROMANI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/01/2016 02h04

    Os textões de Facebook, as incontáveis variações do meme da Diferentona e as fotos de bichinhos fofos no Instagram estão entupindo os servidores do mundo.

    Isso está levando cientistas e empresas a buscar novas formas de ampliar a capacidade dos equipamentos que armazenam todos esses dados –vale até testar gravar informações em DNA humano.

    "As pessoas têm receio de deletar um arquivo e ficar sem alguma informação. Também houve melhoras em recursos como o processamento de imagem, que aumenta o tamanho dos arquivos", diz Ana Toillier, diretora de marketing e produtos da SanDisk na América Latina, sobre nossa fome infinita por espaço digital.

    Claro que não são só as redes sociais que demandam mais armazenamento. O mundo como um todo está gerando mais informações.

    Em 2010, a EMC, especializada em computação em nuvem, estimava haver no mundo 1,2 zettabytes de dados, incluindo toda a produção intelectual do planeta já digitalizada (veja dimensões acima). Até 2020, o número terá pulado para 40 zettabytes, segundo a consultoria IDC, cifra 33 vezes maior e o equivalente a 5 trilhões de arquivos de filmes com resolução Full HD.

    O objetivo é aumentar a densidade daquilo que é armazenado –usar o menor espaço físico para abrigar o maior volume possível de dados, seja nos aparelhos, seja nos servidores.

    É por isso que um "bom" pendrive de dez anos atrás tinha 128 megabytes e um nas mesmas dimensões físicas hoje abriga 128 gigabytes.

    O ETHZ (instituto federal suíço de tecnologia) estuda uma técnica potencialmente muito eficiente, mas que soa como ficção. Registrar dados em moléculas de DNA –sim, o mesmo material que compõe os seres vivos.

    Com a técnica, um grama de DNA produzido artificialmente seria capaz de armazenar meio zettabyte. Em tese, 80 gramas do material seriam capazes de preservar todo o universo digital previsto para 2020.

    A técnica ainda está longe da realidade. O DNA teria que ser mantido em baixa temperatura (-18ºC) para preservar suas propriedades. E o custo de todo o processo é altíssimo. Gravar apenas 83 Kbytes sai por US$ 1.500.

    Harish Bhaskaran, pesquisador da Universidade de Oxford, estuda alternativas para a maneira com que as informações são gravadas. Em vez de eletricidade, luz seria usada para registrar os dados. Segundo o estudo, os chips de memória fotônica teriam capacidade de armazenamento maior do que os métodos que utilizam eletricidade. E também seriam até cem vezes mais rápidos.

    Enquanto os pesquisadores tentam tornar comercialmente viáveis suas descobertas, gigantes da tecnologia investem alto para melhorar os métodos atuais.

    A febre do momento são os chips 3D de memória. Samsung, Intel e Toshiba apostam no formato.

    Nos chips de memória flash atuais, as informações são gravadas em áreas planas. É como se cada dado ficasse um ao lado do outro. Um chip 3D permite colocar essas áreas umas sobre as outras, formando "prédios microscópicos" de informações. Com isso, a densidade de cada chip aumenta consideravelmente. Em agosto, a Samsung apresentou o primeiro SSD (disco de estado sólido) de 16 terabytes. Preço e lançamento para o consumidor final não foram revelados.

    Para levar a tecnologia ao mercado, a Intel investirá US$ 5,5 bilhões, enquanto a a Toshiba promete injetar US$ 4,2 bilhões no segmento.

    Se depender de cientistas e empresas, você pode continuar escrevendo textão.

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