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    campus party

    Antena de wi-fi e geladeira 'hi-tech' são saídas para falhas da Campus Party

    BRUNO SCATENA
    DE SÃO PAULO

    27/01/2016 02h00

    Em uma das longas mesas tomadas por PCs e laptops na Campus Party, encontro tecnológico que começou nesta terça-feira (26) em São Paulo, sobressaía-se uma comprida antena. Na base do dispositivo, uma placa anunciava: conexão sem fio por um dia a R$ 15; pelos seis dias de evento, R$ 40.

    O serviço de wi-fi improvisado foi uma das maneiras encontradas pelos "campuseiros" para contornar problemas recorrentes no encontro, que este ano deve receber cerca de 120 mil visitantes, segundo estimativa da organização. Para acessar a rede oficial do evento, é preciso conectar cabos de rede ou pedir ajuda a colegas que lançam mão de roteadores e abrem conexões privadas sem fio.

    A ideia de abrir um ponto de acesso e cobrar pela conexão partiu de um grupo de três amigos, sócios em uma empresa que desenvolve sistemas para web em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. "Nossa antena é capaz de enviar sinal para uma boa parte do acampamento", disse Caio Tarifa, 24. "Depois de cobrir os custos, todo o lucro que obtivermos será doado para uma instituição de caridade."

    A cerimônia de abertura, em que se faz a contagem regressiva para o início oficial do evento, só aconteceria às 21h, mas os sócios já haviam amealhado R$ 200 em receita até o meio da tarde, já que boa parte dos acampantes havia chegado. Muitos deles queriam usar seus dispositivos móveis em vez de depender dos tradicionais cabos azuis ou cinzas –que, aliás, não funcionavam em alguns pontos, como em algumas áreas de descanso.

    Por trás da tecnologia improvisada estava a mente criativa de Hugo Demiglia, 24, desenvolvedor. Ele ajudou a criar também uma geladeira feita com peças de computador. A organização do evento proíbe que se ligue na rede elétrica um refrigerador comum. A solução foi transformar um cooler em um aparelho de refrigeração.

    "Usamos peças de computador, como a fonte de energia. O aparelho consome o mesmo que um PC. Não gela tanto quanto uma geladeira, mas dá para beber água em uma temperatura agradável e para evitar que o chocolate derreta", explicou Wagner Guerrero, 25, o terceiro sócio do grupo.

    O calor era intenso no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona Norte de São Paulo. Para ajudar a esfriar as máquinas, quem não estava na turma dos "casemoders" e "overclockers" (veja galeria abaixo), acostumados a lidar com superaquecimento, recorreu a pequenos ventiladores apontados para os PCs.

    A temperatura foi a úncia coisa a incomodar Igor Pereira, 20, em sua primeira edição da Campus Party. Mesmo acostumado ao calor de Feira de Santana, na Bahia, ele suava na fila para pegar o kit de brindes distribuído aos participantes.

    "Fora o calor, não tive grandes problemas. Estou aqui para participar de uma competição de empreendedores. Tenho um aplicativo colaborativo para que as pessoas usem o transporte público de uma maneira melhor", disse. Próximo à fila dos brindes, um vendedor de água de coco contou que as garrafas de 500 ml, vendidas a R$ 10, haviam acabado em menos de 20 minutos.

    Igor chegou cedo em uma caravana. Quem chegou mais tarde, no entanto, passou por alguns apertos na hora de entrar. A máquina de raio-x usada para verificar as malas dos acampantes estava quebrada pelo menos até as 18h, conforme informou à Folha uma profissional de segurança que ajudava na tarefa de revistar, manualmente, os pertences dos visitantes.

    Para o técnico em informática Fernando William, 31, e seu robô, 1, nenhum dos perrengues importava. Fernando estava chegando à segunda Campus Party de sua vida. Dessa vez havia trazido a mulher e o aparelho dotado da capacidade de andar pelos corredores autonomamente, desviando de obstáculos e atraindo olhares.

    "Estou construindo o robô desde fevereiro do ano passado. Dá um trabalho danado", disse o paranaense de Curitiba. E ir à Campus Party, dá trabalho? "Da primeira vez fiquei apavorado. Dessa vez fiz uma lista de tudo que ia precisar e assisti a vídeos de 'campuseiros' veteranos. A única coisa que não tem jeito é o calor."

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