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    Apple faz 40 anos em busca de um novo hit

    BRUNO SCATENA
    DE SÃO PAULO

    01/04/2016 02h00

    Chamadas 40 anos apple

    Em 1975, a extinta revista "Stereo Review" chamou a nova-iorquina Television de uma divertida banda de garagem. Dez anos antes, a "Rolling Stone" disse o mesmo sobre Mick Jagger e Keith Richards. No rock´n´roll, é difícil encontrar a origem da expressão "de garagem" entre tantos que construíram o som e o comportamento que arrebataria as décadas seguintes.

    Na história recente do desenvolvimento tecnológico, por outro lado, é bem mais fácil encontrar os pioneiros do faça-você-mesmo –e a Apple, que completa 40 anos nesta sexta-feira (1º), é um deles.

    Há algumas garagens no Vale do Silício, o mais famoso polo tecnológico do mundo, que podem reivindicar o estatuto de precursoras da cultura das start-ups –empresas que nasceram entre caixas empoeiradas e que, algumas entre milhares, alcançaram sucesso.

    Mas é a história da garagem o número 2.066, na rua Crist Drive, em Los Altos, Califórnia, que se tornou trama de pelos menos três longa-metragens, duas biografias, e inúmeras capas de revista, incluindo a "Rolling Stone".

    Ali, Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne fundaram a Apple, que até o fechamento desta reportagem valia US$ 604 bilhões, superada só recentemente pela Alphabet, a controladora do Google.

    Hoje, a empresa precisa concorrer cada vez mais, do ponto de vista de marca e também em produto, com as empresas digitais. "Eu acredito na Inovação de Jobs e de Tim Cook, mas, hoje, quem me inspira é o Mark Zuckerberg, que largou a faculdade e ficou bilionário com sua ideia", diz o engenheiro filipino Arel, 40, depois de uma uma visita turística à sede da Apple, em Cupertino, na Califórnia (EUA).

    Capitaneada por Jobs, a companhia fez do projeto de computador pessoal de Wozniak, o Apple II, um item para se ter dentro de casa –quase como um eletrodoméstico, em oposição aos servidores gigantescos de empresas como a IBM. Também nas mãos de Jobs, a Apple amargou fracassos que a levaram à beira da falência, caso dos computadores Macintosh e Lisa.

    Em 1997, de volta à empresa depois de ter sido demitido do cargo de diretor-executivo, Jobs tornou a juntar conceitos de engenheiros talentosos a insights de mercado. Em 2001, com o lançamento do iPod, a Apple entrou definitivamente nos eixos.

    Há quem diga que a empresa, exceção ao design, pouco inovou. Seu grande mérito seria perceber potencial em tecnologias já disponíveis e transformá-las em produtos.

    No filme "Piratas de Sillicon Valley" (1999), uma cena sugere que Jobs chega à sede da Xerox para roubar a tecnologia de interfaces gráficas.

    "Ele não inventava muitas coisas de estalo, mas era mestre em juntar ideias, arte e tecnologia", diz o biógrafo de Jobs, Walter Isaacson, em seu livro de 2011. "Projetou o Mac depois de entender as interfaces gráficas de um modo que a Xerox foi incapaz, e criou o iPod depois de compreender a alegria de ter mil músicas no bolso."

    O iPhone, que consolidou o conceito de smartphone e já teve mais de 900 milhões de unidades vendidas, foi lançado em 2007 juntando três conceitos: o iPod, o celular e a internet. "Hoje estamos lançando três produtos revolucionários", disse Jobs. "Vocês estão entendendo?", perguntou à plateia. "É um dispositivo só."

    Quando Tim Cook assumiu a Apple, depois da morte de Jobs em 2011, herdou a missão de criar para substituir o protagonismo do iPhone –que, sem novidades significativas, deve ter queda de vendas pela primeira vez neste ano.

    Até agora, nem a principal novidade da empresa desde Jobs, o Apple Watch, foi capaz disso.

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