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    Novo Chromecast, que liga TV à rede, chega ao Brasil pelo dobro do preço

    FELIPE MAIA
    DE SÃO PAULO

    26/04/2016 02h03

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Mario Queiroz, vice-presidente do Google e criador do Chromecast
    Mario Queiroz, vice-presidente do Google e criador do Chromecast

    A segunda geração do Chromecast, aparelho "popular" do Google que conecta televisores à internet, começa a ser vendida no Brasil nesta terça-feira (26) por R$ 399 –o dobro da primeira versão no lançamento, em 2014, e ao menos R$ 150 a mais que o preço praticado pelos varejistas hoje.

    "Esse é o melhor valor a que pudemos chegar. Na comparação com outras alternativas, é acessível", disse à Folha Mario Queiroz, 49, vice-presidente da empresa e criador do aparelho, vendido nos EUA a US$ 35 (R$ 124) e importado ao Brasil. Ele diz que o aumento foi necessário por causa da cotação da moeda americana.

    O novo produto terá venda mais intensa no varejo físico. Além de lojas on-line, será oferecido nas redes Saraiva, Fnac e Fastshop.

    O Chromecast é plugado à entrada HDMI de televisores comuns e passa a conectar, via wi-fi, aparelhos como celulares e computadores à televisão. Assim, pode-se acionar um vídeo do Netflix ou do YouTube em um smartphone e vê-lo na tela maior.

    Na segunda versão, há novidades de design (o corpo passa a ser arredondado, em vez do antigo formato de pendrive) e de hardware –agora, há três antenas para conectar o wi-fi, em vez de só uma, o que reduz a interferência de outros aparelhos.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    O Chromecast Audio, que conecta alto-falantes à internet
    O Chromecast Audio, que conecta alto-falantes à internet

    Também há um segundo modelo, chamado Chromecast Audio e vendido pelo mesmo preço, que se conecta a alto-falantes convencionais pela entrada do fone de ouvido (de 3,5 mm), RCA ou ótica. Assim, é possível acionar uma música no Spotify, por exemplo, e ouvi-la no aparelho.

    O produto chega ao Brasil, país que está entre os três maiores em vendas e tempo de uso, em um momento complicado. O volume de televisores vendidos caiu 10% em 2015, segundo a consultoria Euromonitor, para 15 milhões de unidades. Entre os modelos sem conexão à rede, o tombo foi de 24,4%.

    Para Queiroz, isso não deve afetar as vendas do Chromecast. "Nosso mercado são os televisores que já estão nas casas. E a base instalada no Brasil é muito grande."

    De uma certa forma, ferramentas como a criada por ele acabam prejudicando a venda de TVs, por tirarem o incentivo de uma troca. "Televisores são cada vez mais apenas como uma tela grande para ver conteúdo vindo de outros aparelhos", diz a Euromonitor em relatório.

    Entre os aplicativos brasileiros mais acessados pelo sistema estão tanto os criados no mundo digital, caso do BTFit (de vídeos de ginástica), quanto os mais tradicionais, como o Globo Play, da Rede Globo, que ganhou compatibilidade em fevereiro.

    Justin Sullivan/Getty Images/AFP
    O executivo do Google durante apresentação do novo Chromecast, em San Francisco
    O executivo do Google durante apresentação do novo Chromecast, em San Francisco

    O executivo diz que a próxima fronteira são os games. "Queremos mandar conteúdo de qualquer aparelho para qualquer tela ou alto-falante dentro de casa."

    Leia abaixo trechos da entrevista do executivo

    *

    Folha - O Chromecast é uma ponte para que as pessoas se acostumem às smart TVs ou a ideia é substituí-las?
    Mario Queiroz - Os dois são complementares, não é uma ponte nem uma substituição. Na minha casa, a minha filha de 15 anos gosta de usar o iPhone e o Chromecast dela, minha mulher prefere a Android TV [plataforma de televisores conectadas da empresa]. Tem muita gente que gosta de usar o celular, e aplicativos que são mais próximos dele, como o YouTube, o que facilita o uso no Chromecast. A interface das smart TVs ainda não foi feita para uso massificado, ainda é difícil de ser usada. Uma dos nossos enfoques é tentar melhorar isso.

    As vendas de TVs estão caindo no Brasil. Isso é um problema?
    A mágica do Chromecast é que funciona com qualquer televisor com entrada na HDMI. O nosso mercado são os televisores que já estão nas casas das pessoas. Não que não preocupe, para a indústria não é bom que as vendas estejam caindo, mas o objetivo do Chromecast é oferecer ao usuário que já tem uma televisão a tecnologia mais atual para fazer streaming.

    Por que lançar um aparelho só para música?
    A gente percebe que vem acontecendo um certo renascimento na área de áudio. A partir dos anos 2000, começaram a surgir cada vez mais esses alto-falantes com Bluetooh, potência grande e tamanho pequeno. O Bluetooth até funciona bem, mas a gente o acha limitado: você tem, por exemplo, que parear os aparelhos e deixá-los próximos. Todo mundo tem música no telefone, todo mundo tem banda larga em casa, então por que não integrar essas coisas? Então se eu estou com amigos em casa, posso pegar uma playlist do Drake e colocar no alto-falante da cozinha.

    Por que vocês não colocaram a função de áudio no próprio Chromecast original?
    A única vantagem que a gente seria seria na escala de produção. Você já pode colocar o áudio na TV da sala, e às vezes quer colocar a música em outro lugar, não pode comprar um só [Chromecast] e fazer uma extensão.

    E qual o próximo passo? Para onde você está olhando
    Com o poder que o celular tem, a gente vê que pode fazer muitas outras coisas. Games é são uma área que nós consideramos importante. Já há jogos que usam a capacidade do telefone para controlar o jogo e vê-lo na televisão. Queremos mandar conteúdo de qualquer aparelho para qualquer tela ou alto-falante dentro de casa.

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