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    Com 500 mi de usuários, Instagram quer funcionar em rede ruim, diz fundador

    FELIPE MAIA
    DE SÃO PAULO

    21/06/2016 10h00

    Justin Sullivan/Getty
    Logo do Instagram em iPhone em foto de 2012
    Logo do Instagram em iPhone em foto de 2012

    O Instagram vai anunciar nesta terça-feira (21) que chegou a 500 milhões de usuários ativos por mês —destes, 300 milhões acessam o app de fotos e vídeos curtos todos os dias. Em comparação com outros serviços que se engalfinham na disputa pelo tempo e pelos olhos dos usuários, o número ainda é um terço do registrado pelo Facebook (1,65 bilhão), mas marca crescente distância do Twitter (320 milhões).

    Segundo a consultoria eMarketer, o uso do app cresce mais rápido que o setor de redes sociais: deve aumentar sua base 15,1% neste ano, contra 3,1% do mercado em geral, levando em conta apenas dados dos Estados Unidos. O app ganhou 100 milhões de usuários no mundo desde setembro do ano passado.

    Para continuar crescendo, principalmente fora do mercado americano, a empresa se adapta para que a ferramenta também funcione em locais com rede de internet instável, incluindo o Brasil. É nessas regiões que está a maioria dos próximos 500 milhões de usuários, disse à Folha o brasileiro Mike Krieger, 30, cofundador da companhia, criada em 2010 e comprada pelo Facebook por US$ 1 bilhão em 2012.

    500 milhões de usuários no Instagram

    "Temos bastante trabalho com redes de celular que não funcionam bem. Não podemos ficar sentados aqui na Califórnia, então enviamos gente para diferentes países para ver como é a experiência do usuário. Da última vez, em São Paulo estava melhor, mas temos trabalho na Índia, por exemplo", afirma ele.

    Hoje, 80% dos usuários do aplicativo estão fora dos Estados Unidos. O Brasil é o principal mercado internacional, com 35 milhões de usuários ativos mensais —eram 29 milhões em novembro.

    Uma das estratégias é, por exemplo, adaptar o "peso" das imagens de acordo com a qualidade da conexão —mesmo que isso signifique perda de qualidade. É algo comum para usuários de serviços de vídeos como YouTube e Netflix, mas que o Instagram não fazia até recentemente.

    A empresa estuda inclusive adotar um sistema para permitir que o usuário possa deixar a postagem completamente em modo off-line para postar quando chegar a um lugar com conexão.

    VÍDEOS MAIS LONGOS

    Esse tipo de adaptação é importante especialmente para o setor de vídeos, o foco da companhia no momento (e do setor de internet como um todo). Em março, usuários passaram a poder postar filmes de até 60 segundos na plataforma, contra os 15 segundos de até então.

    E, seguindo rivais como o Snapchat, a rede aposta em agregar essa produção dos usuários em canais temáticos para eventos ou datas especiais.

    "É algo que temos olhado muito, organizar vídeos por tema, como shows, e criar um canal. Estamos aprendendo", diz o executivo. Esses canais são exibidos na ferramenta Explore, de buscas, mas ainda não disponíveis para o Brasil (houve um durante o Carnaval, mas a ideia era mostrar a festa para usuários de outros países).

    Questionado se o Instagram vai criar ferramentas para o Oculus Rift, o dispositivo de realidade virtual do Facebook lançado internacionalmente neste ano, ele diz que até foram feitos testes, mas ainda estão "na fase de brincar".

    Certeza mesmo é a mudança na organização de como o conteúdo aparece para o usuário: em vez de em ordem cronológica, como ainda é no Brasil, a timeline vai ser definida por algoritmos, com base no que o usuário pode gostar de ver.

    A alteração, anunciada em março, gerou muita reclamação, algo que também aconteceu quando o Twitter anunciou que faria mudanças nesse sentido. O receio era que o Instagram se aproximasse mais do Facebook, que fatura com a competição para aparecer na timeline dos internautas. O app justificou a decisão dizendo que os usuários perdem 70% do que é postado em seu feed (com mais gente para seguir, é difícil ver tudo).

    A adoção do algoritmo está sendo feita de modo gradual e, de acordo com Krieger, tem sido bem recebida. "As pessoas estão mais engajadas. Muita gente nem percebe o feed novo, só diz que está gostando mais do conteúdo que está vendo", diz ele. Ainda não há data para a chegada do novo sistema ao Brasil.

    #NOFILTER

    E, com tantas mudanças, os usuários gradativamente abandonam o recurso que fez a fama do Instagram: os filtros nas fotos.

    Segundo o executivo, um dos motivos para a popularidade do recurso era a baixa qualidade das câmeras dos celulares: o iPhone 4, lançado em 2010, o ano em que o app foi lançado, tinha resolução de 5 Megapixels, menos da metade da que tem o modelo topo de linha atual da Apple (12 Megapixels). Com lentes melhores, não é preciso mais "maquiar" tanto a imagem.

    "Tenho visto que as pessoas usam filtros mais sutis, não tem mais foto com efeito. No máximo as pessoas adotam ao estilo que está mais na moda. Aquele uso de esconder a imagem não tem mais um uso tão grande."

    Números nas redes

    Facebook - 1,65 bilhão de usuários
    WhatsApp - 1 bilhão de usuários
    Instagram - 500 milhões de usuários
    Twitter - 320 milhões de usuários
    Spotify - 100 milhões de usuários

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