Buscando explorar a vantagem conquistada por conta do fiasco da Samsung com o recall do Note 7, LG e Huawei exibiram seus novos aparelhos de topo de linha em Seul neste domingo (26), um dia antes da abertura do World Mobile Congress em Barcelona.

O evento anual vem nos últimos anos servindo de palco à Samsung para o lançamento dos novos modelos de sua série Galaxy S. Mas depois do cancelamento da fabricação da linha Note 7, propensa a combustão espontânea, no ano passado, o que lhe custou mais de US$ 5 bilhões, a companhia sul-coreana adiou o lançamento da mais nova versão de seu principal modelo.

Os problemas da Samsung voltaram a ser expostos em um momento no qual a fabricante de smartphones —que no quarto trimestre perdeu a liderança do ranking mundial da categoria para a Apple pela primeira vez em dois anos— chega ao maior evento do setor sem um novo aparelho para conquistar os consumidores e analistas, e em lugar disso vai lançar dois tablets.

Neste domingo, a Samsung anunciou que o smartphone Galaxy S8 será lançado em 29 de março, o que deixa um espaço amplo a ser ocupado pela LG e Huawei.

As duas empresas nos últimos anos vêm batalhando para reduzir o domínio da Samsung e Apple, com modelos sofisticados mas de baixo custo.

"A LG Electronics deve conquistar a atenção no Mobile World Congress, devido à ausência da Samsung e ao desaquecimento da demanda pelo Apple iPhone", disse Kim Dong-won, analista da KB Securities.

"Com o novo celular da LG, poderemos ver uma mudança de estratégia. O novo carro-chefe da linha será um avanço diante dos modelos precedentes em termos de hardware, software e conveniência para o consumidor, e a expectativa é de que ele ganhe empuxo", acrescentou Kim.

No domingo, a LG lançou o G6, cuja tela ocupa toda porção frontal do aparelho e pode ser carregado sem fio —um modelo que oferece "novas experiências visuais e manuais, ao combinar uma tela expandida à conveniência do uso com uma só mão", de acordo com Juno Cho, presidente da área de comunicações móveis da LG.

Fogo no Galaxy Note 7
Samsung sofre com problema em baterias
Sem Galaxy Note 7, Samsung pode perder mercado e beneficiar Apple
Companhias aéreas no Brasil proíbem Samsung Galaxy Note 7 em aviões
Após casos casos de incêndio, EUA proíbem Samsung Galaxy Note 7 em viagens aéreas
Como onda de explosões afeta a Samsung, maior fabricante mundial de celulares
Samsung anuncia interrupção total da produção do Galaxy Note 7

Kim antecipa que o grupo sul-coreano venda seis milhões de unidades este ano, o que representaria um recorde para os smartphones série G da empresa.

A Huawei apresentou o P10, aparelho que contém uma câmera Leica e beiradas curvas, e que a empresa espera a ajude a expandir sua presença mundial.

Com cerca de 9% do mercado no ano passado, o grupo chinês de capital fechado é o terceiro maior vendedor mundial de smartphones em termos de volume, de acordo com o grupo de pesquisa IDC, e não faz segredo de suas ambições.

Richard Yu, que comanda a área de bens eletrônicos de consumo na Huawei, disse em uma conferência no ano passado que a empresa planejava superar a Apple e Samsung em cinco anos, garantindo fatia de mercado de 25%.

Perguntada se teme perder oportunidades no Mobile World Congress desta semana, a Samsung respondeu que "estamos empolgados com o lançamento dos nossos novos tablets... enquanto damos os toques finais ao nosso próximo smartphone, que será prova de nosso compromisso para com a segurança e qualidade de nossos produtos".

Tradução de PAULO MIGLIACCI