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    Com apps substituindo ligações, chips pré-pagos perdem espaço na telefonia

    MARCELO SOARES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/04/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Aplicativos na tela do celular
    Aplicativos na tela do celular

    "De qual operadora é?" A pergunta, ouvida com frequência há um par de anos, está se tornando cada vez menos comum no Brasil.

    O motivo: cada vez mais brasileiros possuem smartphones com acesso à internet e a aplicativos de mensagens, usados para comunicação gratuita por texto e voz com qualquer outro aparelho.

    Até recentemente muitos usuários, especialmente os mais pobres, multiplicavam o número de chips pré-pagos para reduzir o peso da conta, aproveitando que as ligações entre mesmas operadoras muitas vezes são grátis

    Segundo a Cetic, ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, 27% dos brasileiros possuíam mais de uma linha.

    "O dispositivo é barato, mas o serviço é caro", afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, lembrando que a pesquisa aponta o wi-fi gratuito como principal forma de acesso à internet móvel pelas classes C, D e E.

    Nos smartphones, especialmente entre a população de mais baixa renda e escolaridade, o uso principal era em aplicativos de comunicação. "O WhatsApp substitui chamadas convencionais, e o mobile tem cada vez mais relevância", diz Barbosa.

    CHIPS EM QUEDA

    Em maio de 2015, o Brasil registrou o pico na quantidade de chips em circulação: 284,2 milhões, ou cerca de 1,4 chip por brasileiro. Desde então, o número vem caindo. No mês passado, dado mais recente disponível na Anatel (agência reguladora do setor), circulavam 242,8 milhões de chips, ou 1,2 per capita.

    O cálculo per capita, porém, leva em conta toda a população brasileira estimada pelo IBGE, incluindo crianças, idosos e indigentes, que costumam usar menos aparelho celular.

    De acordo com a Cetic, 84% dos brasileiros tinham telefone celular em 2015, ante 55% em 2012.

    O que mais aumentou nos últimos anos foi a quantidade de celulares conectados: até o fim de 2014, menos da metade dos chips era 3G ou 4G, com acesso à internet móvel. Hoje, 3 a cada 4 são assim.

    A redução ocorreu principalmente nos chips 2G, ou GSM, só de voz. Majoritários ainda no início de 2014, hoje eles representam menos de 1 a cada 5 chips em circulação.

    O número total desses chips no país, porém, gravita em torno de 180 milhões desde o segundo semestre de 2015.

    Em 2016, o volume de chips 4G em circulação cresceu, mas isso não se refletiu em expansão da base: ele avançou sobre as fatias de 2G e 3G.

    A maneira de pagar pelos planos também mudou: os chips pré-pagos, que representavam 80% até o começo de 2013, eram 67% em março. Nos últimos dois anos, o número de acessos pré-pagos caiu 24% e o de pós-pagos cresceu 16%.

    OPERADORAS

    Para fazer frente à mudança nos hábitos digitais da população, as operadoras começaram a oferecer planos com mais ênfase no consumo de dados.

    A Claro passou a oferecer planos de acordo com o volume de dados móveis, com chamadas de voz ilimitadas. A Oi, em seus principais planos, oferece a possibilidade de trocar um minuto de voz por 2 MB de dados no aplicativo "Minha Oi", visando aumentar sua base pré-paga.

    Já a Vivo criou o Vivo Easy, que permite gerenciar num aplicativo os serviços que cada cliente usa, em pacotes semanais e mensais.

    Segundo a Anatel, nos 12 meses até o último dado disponível, a Vivo teve aumento de 0,89% em sua base, mas houve queda nas concorrentes Tim (-7,71%), Claro (-7,98%) e Oi (-12,05%). Juntas, as três perderam 16,2 milhões de linhas, enquanto a Vivo ganhou 654 mil.

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